Questão
2024
INSTITUTO CONSULPLAN
Prefeitura Municipal de São Fidélis (RJ)
Mediador de Aprendizagem (Pref São Fidélis/RJ)
2024
INSTITUTO CONSULPLAN
Prefeitura Municipal de São Fidélis (RJ)
Professor de Educação Infantil (Pref São Fidélis/RJ)
2024
INSTITUTO CONSULPLAN
Prefeitura Municipal de São Fidélis (RJ)
Psicólogo Escolar (Pref São Fidélis/RJ)
2024
INSTITUTO CONSULPLAN
Prefeitura Municipal de São Fidélis (RJ)
Intérprete de Libras (Pref São Fidélis/RJ)
VER HISTÓRICO DE RESPOSTAS
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O texto a seguir contextualiza a questão. Leia-o atentamente.

Capítulo I – de como Itaguaí ganhou uma casa de orates

As crônicas da Vila de Itaguaí dizem que em tempos remotos vivera ali um certo médico, o Dr. Simão Bacamarte, filho da nobreza da terra e o maior dos médicos do Brasil, de Portugal e das Espanhas. Estudara em Coimbra e Pádua. Aos trinta e quatro anos regressou ao Brasil, não podendo el-rei alcançar dele que ficasse em Coimbra, regendo a universidade, ou em Lisboa, expedindo os negócios da monarquia.

– A ciência, disse ele a Sua Majestade, é o meu emprego único; Itaguaí é o meu universo. Dito isso, meteu-se em Itaguaí, e entregou-se de corpo e alma ao estudo da ciência, alternando as curas com as leituras, e demonstrando os teoremas com cataplasmas.

Aos quarenta anos casou com D. Evarista da Costa e Mascarenhas, senhora de vinte e cinco anos, viúva de um Juiz de Fora, e não bonita nem simpática. Um dos tios dele, caçador de pacas perante o Eterno, e não menos franco, admirou-se de semelhante escolha e disse-lho. Simão Bacamarte explicou-lhe que D. Evarista reunia condições fisiológicas e anatômicas de primeira ordem, digeria com facilidade, dormia regularmente, tinha bom pulso, e excelente vista; estava assim apta para dar-lhe filhos robustos, sãos e inteligentes. Se além dessas prendas – únicas dignas da preocupação de um sábio, D. Evarista era mal composta de feições, longe de lastimá-lo, agradecia-o a Deus, porquanto não corria o risco de preterir os interesses da ciência na contemplação exclusiva, miúda e vulgar da consorte.

D. Evarista mentiu às esperanças do Dr. Bacamarte, não lhe deu filhos robustos. A índole natural da ciência é a longanimidade; o nosso médico esperou três anos, depois quatro, depois cinco. Ao cabo desse tempo fez um estudo profundo da matéria, releu todos os escritores árabes e outros, que trouxera para Itaguaí, enviou consultas às universidades italianas e alemãs, e acabou por aconselhar à mulher um regímen alimentício especial. A ilustre dama, nutrida exclusivamente com a bela carne de porco de Itaguaí, não atendeu às admoestações do esposo; e à sua resistência, – explicável, mas inqualificável – devemos a total extinção da dinastia dos Bacamartes.

(ASSIS, Machado. O alienista. Fragmento.)

Toda história é contada a partir do ponto de vista daquele que narra, ou seja, do foco narrativo adotado pelo narrador. Nesse sentido, considerando as características estilísticas do fragmento do conto “O Alienista”, verifica-se a caracterização de um
A
narrador que estrutura o discurso narrativo na 3ª pessoa, sem participar dos eventos narrados, demonstrando objetividade. Ele expõe a sucessão de acontecimentos, mantendo o distanciamento.
B
narrador em 3ª pessoa onisciente, imparcial, uma vez que se ocupa das descrições das personagens e do enredo. Ele narra sem observações ou avaliações sobre os dilemas familiares e sociais das personagens.
C
narrador que narra como personagem-testemunha, inserindo-se na história, apesar de não ser o protagonista. Ele narra o que acontece, interagindo com as personagens e fatos narrados, ainda que em um papel secundário.
D
narrador onisciente em 3ª pessoa, passando do distanciamento para uma função de intruso, pois não se limita a narrar a história, faz também considerações sobre o que narra. Ele tem total domínio da narrativa e passa a emitir observações sobre os fatos.