Questão
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FCC
Câmara Legislativa do Distrito Federal (DF)
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O tempo nos nossos tempos 

O espaço e o tempo são categorias básicas da existência humana. E, no entanto, raramente discutimos o seu sentido; tendemos a tê-los por certos e lhes damos atribuições do senso comum ou autoevidentes. Registramos a passagem do tempo em segundos, minutos, horas, dias, meses, anos, décadas, séculos e eras, como se tudo tivesse o seu lugar numa única escala temporal objetiva. Embora o tempo na física seja um conceito difícil e objeto de contendas, não costumamos deixar que isso interfira no nosso sentido comum do tempo, em torno do qual organizamos nossa rotina diária. Reconhecemos, é verdade, que os nossos processos e percepções mentais podem nos pregar peças, fazer segundos parecerem anos-luz ou horas agradáveis passarem com tanta rapidez que mal nos damos conta. Também podemos reconhecer o fato de diferentes sociedades (ou mesmo diferentes subgrupos) cultivarem sentidos de tempo bem distintos. 

Na sociedade moderna, muitos sentidos distintos de tempo se entrecruzam. Os movimentos cíclicos e repetitivos (do café da manhã e da ida ao trabalho a rituais sazonais como festas populares e aberturas de temporadas esportivas) oferecem sensação de 
segurança num mundo em que o impulso geral do progresso parece ser sempre para frente e para o alto – na direção do firmamento do desconhecido. 

Quando o sentido do tempo como progresso é ameaçado pela depressão ou pela recessão, pela guerra ou pelo caos social, podemos nos reassegurar (em parte) com a ideia do tempo cíclico como um fenômeno natural a que devemos forçosamente nos adaptar ou recorrer a uma imagem ainda mais forte de alguma propensão universal estável, como contraponto perpétuo do progresso. E, em momentos de desespero ou de exaltação, quem entre nós consegue impedir-se de invocar o tempo do destino, do mito, dos deuses? 

(HARVEY, David. Condição pós-moderna. Trad. Adail Ubirajara Sobral e Maria Stela Gonçalves. São Paulo: Loyola, 1993, p. 187-188)

Afirma-se,
A
no primeiro parágrafo, que a percepção rotineira que temos do tempo pode ser enganosa, uma vez que ela se estabelece segundo disposições subjetivas. 
B
no segundo parágrafo, que, apesar da modernidade, prospera uma compreensão do tempo que o torna o avesso de um progresso linear. 
C
no terceiro parágrafo, que os momentos históricos de depressão ou recessão econômica propiciam maior objetividade na compreensão do tempo. 
D
nos dois primeiros parágrafos, a ideia essencial de que o tempo é  um fenômeno simples e natural, apesar de nossas percepções em contrário. 
E
nos dois últimos parágrafos, que os festejos comemorativos das estações climáticas simbolizam a fé que temos na generosidade do tempo natural.