O sorriso novo
Mau humor da onça era dor de dente
De tanto morder as grades da jaula que habita no zoológico de Curitiba, a onça macho “Cabeção”, 14 anos e 73 quilos, foi parar no dentista e agora terá que usar quatro coroas de cromocobalto, uma liga de alta resistência, em substituição às presas naturais. O tratamento começou na segunda-feira passada, quando uma equipe chefiada pelo dentista Alaor Jason Brenner trabalhou durante 90 minutos na boca do animal “como se fosse um ser humano”, por falta de experiência anterior nesse tipo de cirurgia. Cabeção foi anestesiado e atendido no próprio zoológico, após semanas de preparativos que incluíram a fabricação de instrumentos especiais, moldes e brocas. Livre de graves infecções, poderá agora viver, segundo se calcula, mais uns nove anos.
Dentista dos Filhos – Ele não será o primeiro animal de seu porte a usar dentes postiços. Em 1977, a onça “Goiana” recebeu três jaquetas no lugar dos caninos, no zôo de São Paulo, numa operação que durou três horas. De todo o modo, o drama de Cabeção comoveu a cidade. Antes pacato e brincalhão, nos últimos meses tornou-se agressivo com os visitantes, os tratadores e até com sua companheira “Malu”. O diretor do zôo, Renato Glaser, passou a observá-lo e notou entre um bocejo e outro da fera, que alguns de seus dentes estavam em péssimo estado. Não teve dúvidas: convocou o dentista de seus filhos, que aceitou o desafio. Na cirurgia de segunda-feira foram abertos e obturados os dois caninos superiores, que estavam corroídos e infectados. Em fevereiro será a vez dos caninos inferiores para, em março, receber finalmente as quatro coroas.
Veja, 21 de janeiro de 1981, p. 36.
Segundo o texto, infere-se que,