O simbolismo da água nas religiões
Estamos em situação de risco. O sistema de vida no planeta Terra está ameaçado e a água se torna o bem mais precioso. Hoje, 1,1 bilhão de pessoas já não tem acesso à água potável, e 2,4 bilhões de seres humanos não têm saneamento básico. Cada ano, 6 milhões de pobres, dos quais, 4 milhões de crianças morrem de enfermidades ligadas a águas contaminadas. Até o ano 2025, conforme estudo da ONU, este problema afetará metade da humanidade.
Há diversos motivos para a crise. O planeta Terra tem 75% de sua superfície ocupada por oceanos, mas a água doce representa apenas 2,5% desse total. No último século, a população mundial aumentou muito, e na maioria dos países, a urbanização se fez de forma desordenada. E ao redor das 217 bacias fluviais internacionais que se encontra 40% da população da humanidade. Da água disponível que tínhamos, a humanidade acabou com 5 mil km².
A Bíblia fala da água como símbolo do Espírito de Deus, que derrama sobre o universo uma vida nova. A primeira página da Bíblia já diz: “Quando Deus criou os céus e a terra, a terra era sem forma e vazia e o sopro divino (o Espírito) pairava sobre as águas”. Hoje, a própria ciência concorda que a vida começou pela água. Quase todas as tradições espirituais consideram a água como fonte da vida e símbolo do Espírito Divino, Mãe fecunda de todo o universo. Nas antigas religiões orientais, o culto da água está ligado à lua e à feminilidade como sinal da amorosidade divina. No Brasil, os índios da Amazônia veneram lara, a mãe das águas. Nos Andes, os índios acreditam que Viracocha é o Espirito que sai do lago Titicaca para dar vida e fecundidade a terra. Nas culturas afrodescendentes, a água doce das cachoeiras é um Orixá (Oxum), ou seja, uma manifestação da maternidade divina.
Na sua recente encíclica (carta papal) sobre os cuidados com a casa comum, o Papa Francisco, depois de denunciara gravidade da crise da água (Laudato Si'n. 27 — 31), fala dela como sacramento da presença divina: “A água, o azeite, o fogo e as cores são assumidos com toda a sua força simbólica e incorporam no louvor”. (...) “A água derramada sobre o corpo de uma criança batizada é sinal devida nova” (n.235).
A Pastoral da Terra declara: “Sendo a água constitutiva do ser humano, da vida como um todo e do meio ambiente, ela é um direito natural, patrimônio da humanidade, dádiva divina, e não obra humana. Por isso, ela não pode ser reduzida a uma mercadoria e a um bem particular. E nenhum ser humano pode arrogara si o poder de negar a qualquer semelhante ou ser vivo este bem essencial à vida”.
Cuidar bem da água e defender os rios e fontes é uma forma de reconhecer a presença divina no universo, defender a vida e participar da Páscoa pela qual Deus “renova todas as coisas” (ap. 21,5).
Fonte: Jornal Mundo Jovem. 11/2015. Pag. 2
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