Questão
2014
ACAPLAM
Prefeitura Municipal de Arcoverde (PE)
Professor II - Português (Pref Arcoverde/PE)
VER HISTÓRICO DE RESPOSTAS
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A questão refere-se ao texto seguinte:

                                                                                                            O vô Maurício e os livros 

          Eu tinha 7 anos e estava na segunda série. Era início de inverno e fazia muito frio em Porto Alegre. Meus pais tinham feito uma reforma em nossa casa e construído uma espécie de mezanino – uma sala suspensa, formando a metade de um segundo andar, do meio até o fim da garagem. 

          Era uma quarta-feira. Como é que eu sei? Porque o vô Maurício e a vó Luísa iam jantar conosco todas as quartas-feiras. Sempre levavam presentes. Passas de pêssego de Pelotas, por exemplo, que eu adorava. Língua de gato, meu chocolate predileto. Um time de botão, quem sabe?, ou um álbum de figurinhas. 

          Nesse dia, meu avô levou algo especial. Era um pacote pequeno, em forma de retângulo. Achei que fosse algum jogo. Rasguei o papel de qualquer jeito para ver logo o que era. E fiquei com cara de bobo e dei um sorrido amarelo. Disse um “obrigado” meio chocho, fingindo que tinha gostado. Era um livro. 

          A capa branca trazia o desenho de um menino com uma bicicleta daquelas bem antigas, que têm a roda da frente enorme e a de trás pequenininha. O nome do livro era Jim e a bicicleta. 

          Àquela altura eu já sabia ler, mas nunca tinha lido uma história grande assim sozinho, do começo ao fim. Dava até um pouco de medo. Mas, para o meu avô não ficar chateado e também porque, no fundo, eu estava com uma pontinha de curiosidade, resolvi começar a ler o livro depois do jantar.

          Subi para o mezanino, deitei numas almofadas gostosas que minha mãe tinha feito, deixei uma caixinha nova de língua de gato aberta do meu lado e comecei a leitura. Comecei e não parei mais. Minha irmã foi me convidar para brincar, e eu não quis. Ia passar um programa bom na televisão, mas também não me deu vontade de ver. Só parei de ler quando já tinha passado bastante da minha hora de ir para a cama e meus avós me chamaram para se despedir.

          No dia seguinte, eu não via a hora de chegar em casa e continuar as aventuras do Jim. O livro era um pouco esquisito, porque era feito em Portugal, e lá eles falam e escrevem diferente de nós. Esquisito ou não, eu só queria saber do Jim. Meu avô teve de me trazer mais um livro da série na semana seguinte. E outro na seguinte, e assim por diante, até completar a coleção.

          Nunca mais vi esses livros depois que fiquei grande. Talvez se eu os visse agora não ia entender por que gostei tanto. Mas, de todos os livros que já li na vida, nenhum foi mais importante do que Jim e a bicicleta. Gostei mais de outros até, mas nenhum foi tão importante. Porque foi o que me fez descobrir, por mim mesmo, o que era essa coisa estranha que os adultos ao meu redor estavam sempre fazendo sem que ninguém mandasse: ler um livro.

                                                                                                                                                                                                  Arthur Nestrovski. Arte e manhas da linguagem. vol. 4.
                                                                                                                                                                                                  Curitiba: Positivo, 2002.


No trecho “Eu tinha 7 anos e estava na segunda série”, acerca da forma verbal destacada, é correto afirmar que:
A
Indica uma noção de tempo passado, por isso pode ser substituída por terei, que transmite o mesmo sentido.
B
Transmite uma ideia de fato hipotético, já que o narrador não tem muita certeza da idade que teria no momento do fato.
C
Se refere a um elemento da 3ª pessoa no caso, o narrador, que não participa da história.
D
Indica uma noção de tempo passado e pode ser substituída pela forma teria, sem que haja mudança de sentido.
E
Indica uma noção de tempo passado e demonstra que o narrador volta no tempo para relatar algo que o marcou.