A doutrina do “Destino Manifesto” foi utilizada para a legitimação e justificação da guerra contra o México, conflito que resultou na anexação, por parte dos EUA, de uma área do território mexicano correspondente, hoje, aos estados da Califórnia, Novo México, Utah, Nevada, Arizona e Colorado.

Essa forma de conceber o espaço geográfico latino-americano citado por Gonçalves (“vazios demográficos” ou “terras disponíveis”) remonta ao legado colonial que atravessa a formação sócio espacial da região e a própria posição que o continente americano ocupou no processo de formação do sistema-mundo moderno-colonial.

Os processos de construção de infraestrutura para a região têm sido marcados por uma lógica territorial que concebe grandes áreas do espaço geográfico sul-americano como sendo “vazios demográficos”. Essa concepção oculta o fato de que muitas dessas áreas não apenas são ricas em biodiversidade, como ocupadas por uma grande diversidade de populações.

O fato de a maior parte dos países latino-americanos terem uma estrutura fundiária com alta concentração de terras em poucas mãos acaba sendo um empecilho para os grandes investimentos das corporações transnacionais, tendo em vista que, com uma só operação de compra por grandes valores, podem adquirir enormes extensões de terras, o que, dificilmente, obteriam retorno financeiro, fazendo com que essas atividades não fossem rentáveis.