Questão
2013
IFF
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha
Português/Espanhol (IFFAR)
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O poeta da roça

Sou fio das mata, cantô da mão grossa,
Trabaio na roça, de inverno e de estio.
A minha chupana é tapada de barro,
Só fumo cigarro de paia de mio.

Sou poeta das brenha, não faço o papé
De argum menestré, ou errante cantô
Que veve vagando, com sua viola,
Cantando, pachola, à percura de amô.

Não tenho sabença, pois nunca estudei,
Apenas eu sei o meu nome assiná.
Meu pai, coitadinho! vivia sem cobre,
e o fio do pobre não pode estudá.

Meu verso rastero, singelo e sem graça,
Não entra na praça, no rico salão,
Meu verso só entra no campo e na roça,
Nas pobre paioça, da serra ao sertão.

Só canto o buliço da vida apertada,
Da lida pesada, das roça e dos eito.
E às vezes, recordando a feliz mocidade,
Canto uma sodade que mora em meu peito.
(...)

Fonte: ASSARÉ, Patativa do. Cante lá que eu canto cá. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 1984.

De acordo com o texto, pode-se inferir que: 
A
apresenta uma variante da língua portuguesa e mostra como as formas de língua menos prestigiadas socialmente são perfeitamente utilizáveis na produção de textos de alta qualidade estética.
B
apresenta variantes regionais que têm sua própria gramática e são, portanto, deformações da língua padrão.
C
há fatos linguísticos que justificam os preconceitos de caráter social que envolvem as formas de língua utilizadas pelo autor. 
D
mostra que os chamados “erros” na verdade são mecanismos gramaticais derivados dos da língua culta. 
E
a opção do autor por essa forma de língua é um procedimento inconsciente e incoerente com os propósitos do texto.