Questão
2022
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Prefeitura Municipal de Bom Sucesso (MG)
Auxiliar Administrativos (Pref Bom Sucesso/MG)
2022
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Prefeitura Municipal de Bom Sucesso (MG)
Auxiliar de Farmácias (Pref Bom Sucesso/MG)
2022
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Prefeitura Municipal de Bom Sucesso (MG)
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2022
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A melhor vingança Artur Azevedo 

O Vieirinha namorou durante dois anos a Xandoca; mas o pai dele, quando soube do namoro, fez intervir a sua autoridade paterna. 

– A rapariga não tem eira nem beira, meu rapaz; o pai é um simples empregado público que mal ganha para sustentar a família! Foge dela antes que as coisas assumam proporções maiores, porque, se te casares com essa moça, não contes absolutamente comigo – faze de conta que morri, e morri sem te deixar vintém. Tu és bonito, inteligente, e tens a ventura de ser meu filho; podes fazer um bom casamento. 

Não sei se o Vieirinha gostava deveras da Xandoca; só sei que depois dessa observação do Comendador Vieira nunca mais passou pela Rua Francisco Eugênio, onde a rapariga todas as tardes o esperava com um sorriso nos lábios e o coração a palpitar de esperança e de amor. O brusco desaparecimento do moço fez com que ela sofresse muito, pois que já se considerava noiva, e era tida como tal por toda a vizinhança; faltava apenas o pedido oficial. Entretanto, Xandoca, passado algum tempo, começou a consolar-se, porque outro homem, sebem que menos jovem, menos bonito e menos elegante que o Vieirinha, entrou a requestá-la seriamente, e não tardou a oferecer-lhe o seu nome. Pouco tempo depois estavam casados. 

Dir-se-ia que Xandoca foi uma boa fada que entrou em casa desse homem. Logo que ele se casou, o seu estabelecimento comercial entrou num maravilhoso período de prosperidade. 

Em pouco mais de dois anos, Cardoso – era esse o seu nome – estava rico; e era um dos negociantes mais considerados e mais adulados da praça do Rio de Janeiro. Ele e Xandoca amavam-se e viviam na mais perfeita harmonia, gozando, sem ostentação, os seus haveres e de vez em quando correndo mundo. Uma tarde em que D. Alexandrina (já ninguém a chamava Xandoca) estava à janela do seu palacete, em companhia do marido, viu passar na rua um bêbedo maltrapilho, que servia de divertimento aos garotos, e reconheceu, surpresa, que o desgraçado era o Vieirinha. 

Ficou tão comovida, que o Cardoso suspeitou, naturalmente, que ela conhecesse o pobre diabo, e interrogou-a neste sentido. 

– Antes de nos casarmos, respondeu ela, confessei-te, com toda a lealdade, que tinha sido namorada e noiva, ou quase noiva, de um miserável que fugiu de mim, sem me dar a menor satisfação, para obedecer a uma intimação do pai. 

– Bem sei, o tal Vieirinha, filho do Comendador Vieira, que morreu há três ou quatro anos, depois de ter perdido em especulações da bolsa tudo quanto possuía. 

– Pois bem, o Vieirinha ali está!

E Alexandrina apontou para o bêbado, que afinal caíra sobre a calçada, e dormia.

– Pois, filha, disse o Cardoso, tens agora uma boa ocasião de te vingares! 

– Queres tu melhor vingança? 

– Certamente, muito melhor, e, se me dás licença, agirei por ti. 

– Faze o que quiseres, contanto que não lhe faças mal. 

– Pelo contrário. 

Quando no dia seguinte o Víeirinha despertou, estava comodamente deitado numa cama limpa e tinha diante de si um homem de confiança do Cardoso.

– Onde estou eu? 

– Não se importe. Levante-se para tomar banho! 

O Vieirínha deixou-se levar como uma criança. Tomou banho, vestiu roupas novas, foi submetido à tesoura e à navalha de um barbeiro, e almoçou como um príncipe. Depois de tudo isso, foi levado pelo mesmo homem a uma fábrica, onde, por ordem do Cardoso, ficou empregado. Antes de se retirar, o homem que o levava deu-lhe algum dinheiro e disse-lhe: 

– O senhor fica empregado nesta fábrica até o dia em que torne a beber. 

– Mas a quem devo tantos benefícios? 

– A uma pessoa que se compadeceu do senhor e deseja guardar o incógnito. O Vieirinha atribuiu tudo a qualquer velho amigo do pai; deixou de beber, tomou caminho, não é mau empregado, e há de morrer sem nunca ter sabido que a sua regeneração foi uma vingança. 

Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 27 mar. 2022.

É correto afirmar que, na sociedade em que se passa a trama, a diferença entre o emprego do nome e o emprego do apelido de uma pessoa se deve a um fator relacionado a
A
condição social.
B
afetividade.
C
respeito.
D
popularidade.