Os mapas sonoros que protegem onça-pintada
As cataratas do Iguaçu ficam na Floresta Atlântica do Alto Paraná. No lado brasileiro, fica o Parque Nacional do Iguaçu. E, no lado oposto, o Parque Nacional Iguazú, na Argentina.
A região abriga mais de duas mil espécies de plantas e uma imensa variedade de animais, incluindo a tão popular onça-pintada.
Para os mais de um milhão de turistas que visitam o local todos os anos, o cenário parece apenas uma amostra de uma área que seria imensa e repleta de biodiversidade.
Mas, para as pessoas que conhecem bem a região, como a bióloga Yara de Melo Barros, os dois parques nacionais da região das cataratas, na verdade, são apenas "uma ilha de vida em meio ao desmatamento".
Barros é coordenadora do projeto de conservação da onça-pintada chamado Onças do Iguaçu.
Atualmente, a onça-pintada enfrenta ameaça em quase todo o seu habitat, que vai do sudoeste dos Estados Unidos até o norte da Argentina. Um estudo da Cites − a Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas da Fauna e da Flora Selvagem − indica que essas ameaças aumentam.
À medida que se ampliam o desmatamento, as incursões das estradas e da agricultura na floresta, a quantidade de presas diminui e os caçadores ilegais ganham cada vez mais acesso às áreas mais remotas.
"A caça precisa ser controlada com urgência" afirma Barros. "Os caçadores entram para caçar outros animais e matam a onça-pintada também."
Evitar a caça ilegal de qualquer criatura não é uma tarefa fácil, especialmente quando os parques mantêm relativamente poucos funcionários, frequentemente responsáveis pelo patrulhamento de grandes áreas.
Por isso, os pesquisadores e os funcionários dos parques da região das cataratas passaram a explorar novos meios na prevenção onde agem os caçadores ilegais e buscam ajuda em novas tecnologias de mapeamento.
No início dos anos 2000, os guarda-parques ainda preenchiam relatórios de campo manualmente, segundo Cecilia Belloni. Ela trabalha há muito tempo como guarda-parque na fronteira leste do Parque Nacional Iguazú, na Argentina.
"Agora, usamos telefones via satélite na floresta, além do sistema Smart e do Sistema de Informações Geográficas Quantum para análises espaciais", explica Belloni.
Segundo ela, "os Sistemas de Informações Geográficas aumentam a eficiência das patrulhas dos guarda-parques", pois permitem que as equipes florestais registrem melhor os dados e quantifiquem qualquer informação relevante.
Esses dados incluem desde incêndios até desmatamento e mudanças do uso da terra, dentro e fora das áreas protegidas.
O aplicativo Smart nos celulares e tablets ajuda os guarda-parques a selecionar e padronizar todos os novos dados registrados. Esse software de código aberto e suas ferramentas de análise foram especialmente projetados para auxiliar os gerentes de conservação no seu trabalho de vigilância.
O aplicativo foi disponibilizado para os guarda-parques argentinos pela primeira vez em 2014, durante uma viagem de treinamento para a Tailândia, e foi testado em seguida no Parque Nacional Iguazú.
Lizarraga explica que, ao registrar fotos geolocalizadas de cada cápsula de munição encontrada, os guarda-parques definem uma trilha de caça.
"Isso permite que eles sigam a trilha e encontrem pessoas que estão além das áreas de visitação pública", afirma ele.
Os caçadores ilegais usam árvores frutíferas como isca, segundo Belloni, como o timbó, que serve de alimento para as antas.
Marcando no software a localização dessas árvores e sua estação de frutificação, os guarda-parques planejam melhor suas patrulhas.
A APN expandirá o uso do Smart para todos os parques nacionais argentinos no início deste ano, segundo o guarda-parque Federico Rodríguez Mira, encarregado de operações do Parque Nacional Iguazú.
"A APN adquirirá equipamentos eletrônicos como smartphones e tablets resistentes a condições meteorológicas extremas para aprimorar, substancialmente, a coleta de dados de campo e auxiliar na tomada de decisões", explica ele.
Esses dados incluem desde incêndios até 'desmatamento' e mudanças do uso da terra, dentro e fora das áreas protegidas.
O vocábulo destacado é formado pelo processo de: