“No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma, herói de nossa gente. Era preto retinto e filho do medo da noite. Houve um momento em que o silêncio foi tão grande escutando o murmurejo do Uraricoera, que a índia tapanhumas pariu uma criança feia. Essa criança é que chamaram de Macunaíma.
Já na meninice fez coisas de sarapantar. De primeiro passou mais de seis anos não falando. Se o incitavam a falar exclamava:
- Ai! Que preguiça!...
e não dizia mais nada.”
(ANDRADE, Mário de. Macunaíma – o herói sem nenhum caráter. São Paulo: Martins Editora, 1976)
“Verossimilhança”, ao contrário do que comumente se entende, não é a relação do literário com a realidade, mas a coerência interna apresentada pela obra. Em que medida Macunaíma é verossimilhante?