CORRETA.

Até o século XIX, no período absolutista e pré-capitalista, o modelo administrativo característico das monarquias era o patrimonialismo. Esse modelo era determinado pela não distinção entre os bens públicos e privados. O poder era hereditário e tradicional, e o aparelho de Estado funcionava como uma extensão do poder do soberano. Além disso, os cargos eram ocupados de acordo com a vontade pessoal do governante, o que favorecia a corrupção e o nepotismo.

Em meados do século XIX, o capitalismo e a democracia provocaram pressões pelo atendimento de novas demandas sociais e econômicas. Paralelamente, organizações de grande porte começaram a surgir, a burguesia industrial crescia, e a corrupção e o nepotismo estavam instalados em decorrência das práticas patrimonialistas.

Nesse cenário, ficou evidente que o Estado liberal não conseguiria responder às novas demandas, fazendo emergir a reforma administrativa burocrática.

A burocracia manifestou-se como resposta à corrupção e ao nepotismo patrimonialista, orientada por princípios como a racionalidade, a eficiência e a impessoalidade. Além disso, o novo modelo estabeleceu a separação clara entre bens públicos e privados, que no patrimonialismo se confundiam sob o poder do soberano.

É importante ressaltar que, embora a burocracia, no mundo, tenha surgido em meio ao capitalismo e à democracia, no Brasil, ela surge no período militar e em plena ditadura, após o fim da República Velha, na primeira metade do século XX.

A burocracia apresenta as seguintes características principais:

• Caráter legal das normas: o poder decorre de normas legais;

• Caráter formal das comunicações: as comunicações são escritas e permitem interpretação unívoca;

• Caráter racional: racionalidade na adequação dos meios para se chegar aos fins desejados (eficiência);

• Hierarquia de autoridade: estrutura vertical, com vários níveis hierárquicos;

• Rotinas e procedimentos padronizados: a rotina é guiada por regras claras;

• Impessoalidade: tanto nas relações (as pessoas são reconhecidas apenas pelo cargo que ocupam ou funções que exercem) quanto no tocante aos fins (persegue-se o fim especificado nas

normas sem nenhum tipo de favorecimento ou perseguição);

• Competência técnica e meritocracia: a contratação e a promoção não ocorre mais por critérios pessoais;

• Especialização da administração: há distinção clara entre o político e o administrativo, entre o público e o privado;

• Profissionalização dos funcionários: os funcionários são especialistas que recebem salários e constroem sua carreira;

• Previsibilidade: tudo é previsível por conta do excesso de normas e regulamentos escritos.

Apesar das diversas vantagens da burocracia e do desenvolvimento nacional sucedido pela sua aplicação, esse modelo apresentou várias disfunções:

• Apego exagerado às regras e regulamentos;

• Formalismo exagerado e excesso de papelório;

• Resistência a mudanças;

• Despersonalização do servidor;

• Falta de flexibilidade;

• Desconsideração do cidadão;

• Decisões distantes da realidade.