O ensino no Brasil é sabiamente ruim, para não dizer péssimo. Comparação recente mostra que os melhores alunos brasileiros ficam nas últimas colocações internacionais. Uma educação que não permite atingir boas médias nesse tipo de disputa é arcaica, porque inviabiliza a inserção no mundo atual, altamente competitivo e globalizado. Isso obviamente significa a necessidade de aprimorar a formação de professores e alunos.
A reflexão sobre a educação nacional, contudo, precisa levar em conta que o Brasil está entre os países mais corruptos. Em outras palavras, precisamos dar ênfase tanto ao ensino competente das matérias quanto à formação de cidadãos capazes de respeitar a lei. Se a educação não focalizar o vício nacional da corrupção, em busca de sua superação, deixará de cumprir o seu papel, porque não estará se empenhando em formar brasileiros contrários ao crime. Num país em que a lei é tradicionalmente desrespeitada, é fundamental ensinar o respeito a ela, porque só a lei desautoriza os abusos e só ela torna a punição legítima, evitando a justiça que o homem faz com as próprias mãos.
A escola deve se ocupar da formação do cidadão. Mas a educação cívica brasileira não pode ter como modelo a de países cujos problemas não são os mesmos que os nossos. Não basta transmitir os fundamentos da República – temos de levar em conta a nossa formação histórica, ensinando, por exemplo, as crianças a diferenciar o poder que não aceita limite. Temos de ensiná-las a discernir amizade de cumplicidade. Ou seja, a diferenciar o amigo - que é de paz e tem pelo outro um amor independente do interesse – do cúmplice, que só se liga por interesse.
A escola precisa educar transmitindo valores. Isso não significa, porém, que a atividade docente deva ser politicamente engajada. Ela necessita reger-se, antes de mais nada, pelo princípio de neutralidade política. Fazer das aulas um lugar de doutrinação é um equívoco, como dizia a filósofa alemã Hannah Arendt. Porque a doutrinação é contrária ao desenvolvimento do espírito crítico, que a boa educação também requer. (MILLAN, Betty. Veja, 29 de outubro de 2008, p.93. Com adaptação.)
Assinale como verdadeiras (V) ou falsas (F) as afirmações acerca do uso das classes gramaticais neste texto.
( ) As locuções verbais, presentes no primeiro período dos três parágrafos subseqüentes ao primeiro, indicam obrigatoriedade da ação em referência.
( ) A forma verbal dizia (último §) introduz um argumento de autoridade acerca da reprovação da atividade de ensino engajada.
( ) As duas ocorrências da forma verbal diferenciar (3° §) regem dois complementos que se encontram expandidos com explicações.
( ) Os pronomes demonstrativos isso (1°§) e a (na expressão a de–3°§) dão continuidade ao texto, retomando, respectivamente, as expressões mundo globalizado e educação cívica .
( ) As conjunções contudo (2° §) e Mas (3°§) estabelecem oposição em relação às idéias presentes nos parágrafos que as precedem.
A seqüência CORRETA é