As duas cargas
Dois burros caminhavam lado a lado, um com uma carga de açúcar, outro com carga de algodão.
O primeiro era considerado como criatura de grande saber e via-se forçado, até mesmo, a andar de óculos, por ter o costume de ler à noite sob a pouca luz da estrebaria.
Com sua previdência habitual, chamou a atenção para os acidentes do caminho, aconselhando cautela, ao que o outro retrucou:
- Não há perigo. Basta seguirmos os rastros de quem já passou por aqui.
- É preciso não esquecer – disse o de óculos – que por onde passou um, pode não passar um outro.
- Ora, que bobagem! Pois se já seguiram esta trilha vários outros na nossa frente e nada lhes aconteceu, nada nos acontecerá também.
- Não, amigo, não penso assim. Acredite, sou mais velho que você, mais experiente, e sei que nem sempre o que é bom para alguém é bom para os demais.
Neste ponto alcançaram um rio cuja ponte havia caído naquela manhã.
- Que faremos? Perguntou o burro do algodão.
O jeito é passar a vau – respondeu o outro. E, assim dizendo, lançou-se na correnteza. Como o açúcar dissolvia-se na água, pôde chegar tranquilamente à margem oposta.
O burro do algodão, teimosamente, pensou:
- Se ele passou, também eu passarei – e meteu-se no rio.
Mas sua carga, em vez de dissolver-se, como o açúcar, cresceu, inchou, aumentou tanto de peso, que o pobre burro acabou por afundar.
Enquanto isto, já na margem oposta, pensava com seus botões o burro sábio:
- Ah, amigo, bem lhe dizia! É inútil seguir as pegadas alheias! Cada qual deve trilhar o seu próprio caminho.
Versão da Generali do Brasil, inspirada nas Fábulas de Monteiro Lobato. Ed. Brasiliense.
O texto “As duas cargas” é uma fábula. Fábula é um tipo de narração que tem um fundo moral e cujos personagens geralmente são animais que agem como se fossem pessoas. E relação ao texto “As duas cargas” todas as alternativas abaixo são verdadeiras. EXCETO: