O drama da geada
Monteiro Lobato
Junho. Manhã de neblina. Vegetação entanguida de frio. Em todas as folhas o recamo de diamantes com que as adereça o orvalho.
Passam colonos para a roça, retransidos, deitando fumaça pela boca.
Frio. Frio de geada, desses que matam passarinhos e nos põem sorvete dentro dos ossos.
Saímos cedo a ver cafezais, e ali paramos, no viso do espigão, ponto mais alto da fazenda. Dobrando o joelho sobre a cabeça do socado, o major voltou o corpo para o mar de café aberto ante nossos olhos e disse num gesto amplo:
– Tudo obra minha, veja!
Vi. Vi e compreendi-lhe o orgulho, sentindo-me orgulhoso também de tal patrício. Aquele desbravador de sertões era uma força criadora, dessas que enobrecem a raça humana.
– Quando adquiri esta gleba – disse ele –, tudo era mata virgem, de ponta a ponta. Rocei, derrubei, queimei, abri caminhos, rasguei valos, estiquei arame, construí pontes, ergui casas, arrumei pastos, plantei café – fiz tudo. Trabalhei como um negro cativo durante quatro anos. Mas venci. A fazenda está formada, veja.
Vi, vi o mar de café ondulando pelos seios da terra, disciplinado em fileiras de absoluta regularidade. Nem uma falha!
[...]
Assinale a alternativa que corresponde à(s) função(ões) sintática(s) exercida(s) pelo verbo "matar" no período exposto:
“Frio de geada, desses que matam passarinhos e nos põem sorvete dentro dos ossos”.