O conceito de aura permite resumir essas características: o que se atrofia na era da reprodutibilidade técnica da obra de arte é a sua aura. Esse processo é sintomático, e sua significação vai muito além da esfera da
arte. Generalizando, pode-se dizer que a técnica de reprodução destaca, do domínio da tradição, o objeto reproduzido. Na medida em que ela multiplica a reprodução, substitui a existência única da obra de arte por uma existência serial e, na medida em que essa técnica permite à reprodução vir ao encontro do espectador, em todas as situações, ela atualiza o objeto reproduzido.
Walter Benjamin. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade
técnica. São Paulo: Brasiliense, 1993 (com adaptações).
Ver é sempre uma operação de sujeito, portanto é uma operação fendida, inquieta, agitada, aberta. Todo olho traz consigo sua névoa. Os pensamentos binários, os pensamentos do dilema são, assim, incapazes de perceber seja o que for da economia visual como tal. Não há que escolher entre o que vemos (com sua consequência exclusiva num discurso que o fixa, a saber, a tautologia) e o que nos olha (com o obstáculo exclusivo no discurso que o fixa, a saber, a crença). Há apenas que se inquietar com o entre.
Georges Didi-Huberman. O que vemos, o que nos olha. São Paulo: Editora 34, 1998 (com adaptações).
Considerando as ideias suscitadas pelos textos acima, julgue o item que se segue.
No primeiro texto, o autor defende a tese de retorno da arte produzida de forma manual.