Questão
2009
NC UFPR
Universidade Federal do Paraná
Enfermeiro (UFPR)
2009
NC UFPR
Universidade Federal do Paraná
Nutricionista (UFPR)
2009
NC UFPR
Universidade Federal do Paraná
Terapeuta Ocupacional (UFPR)
VER HISTÓRICO DE RESPOSTAS
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Sobre céticos e crédulos

Um dos desvios de personalidade distintivos de nós, jornalistas, em companhia da aversão atávica a reconhecer os nossos tropeços, é a vocação para desgraçadamente reeditarmos os erros mesmo quando anunciamos ter aprendido com o vexame mais recente. As lições apregoadas por vezes parecem manifestações protocolares insinceras ou aparentam vigor de faquir. [...]

O ceticismo deve estar para o jornalismo como a prancha para o surfista – é a base a partir da qual se desenvolve todo o resto. Foi o que faltou na cobertura do episódio em que a brasileira Paula Oliveira deu parte de agressões de militantes nazistoides na Suíça que teriam provocado o aborto das gêmeas que ela dizia esperar.

O jornalismo brasileiro subscreveu a queixa e estimulou a onda, confundindo o dever de confrontar as alegações com os fatos, para elaborar o noticiário mais escrupulosamente próximo à verdade possível, com a compaixão despertada pelo infortúnio da compatriota.

No instante em que as provas fragilizaram a história de Paula e sugeriram encenação, o jornalismo voltou a se constranger – e a incorrer em enganos assemelhados, ao assinalar como definitivos indícios que careciam de confirmação. Se é legítimo o sofrimento com os dias trágicos de Paula, ao jornalismo cabe identificar qual foi propriamente a tragédia.

Ingenuidade não faz de ninguém necessariamente um ser pior. Mas o jornalismo ingênuo e crédulo informa mal, portanto é mau jornalismo. O amigo cético costuma enfastiar os companheiros. O jornalismo cético semeia confiança. [...]

O jornalismo é uma disciplina de verificação, já se anotou. Essa característica o distingue de narrativas descompromissadas dos fatos e da checagem de informações. Nos diários impressos – embora se recomende vitaminar o resumo da véspera com mais densidade, contexto, análise, opinião e estilo –, a notícia segue a ser o principal ativo.

Quanto mais o ceticismo temperar o método de produção da notícia, mais confiável ela será. E mais indispensável aos cidadãos e aos consumidores será o jornalismo que a veicula.

(MAGALHÃES, M. Folha de S. Paulo, 25 fev. 2009)

Na frase “o amigo cético costuma enfastiar os companheiros”, o termo enfastiar pode ser substituído, mantendo-se o mesmo sentido, por:
A
encorajar.
B
iludir.
C
abandonar.
D
valorizar.
E
irritar.