Versos de Natal
Espelho, amigo verdadeiro, Tu refletes as minhas rugas, Os meus cabelos brancos, Os meus olhos míopes e cansados. Espelho, amigo verdadeiro, Mestre do realismo exato e minucioso, Obrigado, obrigado!
Mas se fosses mágico, Penetrarias até o fundo desse homem triste, Descobririas o menino que sustenta esse homem, O menino que não quer morrer, Que não morrerá senão comigo, O menino que todos os anos na véspera de Natal, Pensa ainda em pôr os seus chinelinhos atrás da porta.
(Manuel Bandeira – Lira dos cinquent’anos)
O espelho só não reflete no eu-lírico: