“Vamos admitir que o estudante se encontre diante da “página em branco”, de lápis e papel em punho, a esperar que as idéias lhe jorrem da mente com ímpeto proporcional à sua ansiedade. É um momento de transe em que estão sujeitos todos os que ainda não adquiriram o desembaraço natural advindo da prática diuturna de escrever (transe e aflição traduzidos em mordiscar a ponta do lápis). O assunto sobre o qual se propõe a escrever é vago, não depende de pesquisa, mas apenas da experiência e das vivências. E agora?
Vejamos como resolver isso, mediante a sábia lição do professor Júlio Nogueira: “O assunto é um desses temas abstratos, que nos aparecem áridos, avaros de idéias: a amizade, por exemplo.”
Que dizer sobre a amizade? Como encher tantas linhas, formando períodos sobre períodos, se as idéias nos escapam, se a imaginação está inerte, se nada encontramos no cérebro que nos pareça digno de ser expresso de forma agradável e, sobretudo, correta? Antes de tudo, se nosso estado de espírito é de perplexidade, se nos domina essa preocupação pungente, esse desânimo de chegar a um resultado satisfatório, o que devemos fazer é não começar a tarefa imediatamente. Em vez de lançar a esmo algumas frases inexpressivas no papel, devemos refletir, devemos nos concentrar. Uma quarta parte do tempo de que dispomos deve ser destinada a metodizar o assunto, a dividi-lo nos pontos que comporta.
(Othon Garcia. Comunicação em Prosa Moderna)
As palavras em destaque no texto acima se classificam morfologicamente como: