Questão
2010
FUMARC
Prefeitura Municipal de Mariana (MG)
Ajudante de Serviços Gerais (Pref Mariana/MG)
2010
FUMARC
Prefeitura Municipal de Mariana (MG)
Gari (Pref Mariana/MG)
2010
FUMARC
Prefeitura Municipal de Mariana (MG)
Coveiro (Pref Mariana/MG)
2010
FUMARC
Prefeitura Municipal de Mariana (MG)
Servente (Pref Mariana/MG)
2010
FUMARC
Prefeitura Municipal de Mariana (MG)
Vigia (Pref Mariana/MG)
Texto-RUAS-INFANCIAA294bf22a569
Texto: 

RUAS DE INFÂNCIA

A professora dizia que a rua tinha aquele nome em homenagem a um grande homem, digno de ser imitado. Nós a ouvíamos meio duvidosos. Para nós, a rua era do pipoqueiro, do sorveteiro, do vendedor de algodão doce, do velho contador de histórias. De alguém que nos significasse muito, era o nome da rua. A praça não tinha nome, era da molecada toda. No futebol, a coisa mudava: Rua de Baixo X Rua de Cima. As peladas eram na praça, atrás da igreja velha. Quando uma das turmas perdia na bola, tinha que ganhar no braço. 

Minha rua era a de baixo. Casas velhas, sem pintura, algumas sem reboco. Cidadezinha que não coube no mapa, mas que transborda no meu coração. 

Depois da Rua de Baixo, a cidade se acabava e o rio nascia. No rio, nadávamos, pescávamos. Para aprender a nadar bem, comíamos peixinhos vivos. Um dia, um cágado entrou no balaio e foi o nosso maior dia. Desfilamos com ele por todas as ruas. Depois passou a novidade e ele passou a morar só em nossa rua, uma semana em cada casa, até morrer. Depois, a gente cresceu e ficava feio brincar de esconder, jogar bolinha de vidro na toca, fazer açudinho com água da chuva, nadar pelado. Já se falava em namoradas. 

O tempo passou, a turma se dissolveu. Caminho por movimentadas ruas de uma cidade grande, mas levo comigo as ruas da infância. Me disseram que estão cheias de buracos, viraram pastos, as casas estão caindo de velhas. Mentiras, feias são minhas ruas de hoje, tristes ruas de adultos, sem mistério ou esperança. 

(GANYMEDES, Elias José. O tempo. Camila. Minicontos. Imprensa Oficial, Belo Horizonte)

Cidadezinha que não coube no mapa, mas que transborda no meu coração.

Na passagem destacada, o autor quer dizer que:
A
estava cansado de sua cidade natal, não suportava mais viver nela.
B
a cidade, apesar de pequenina, traz-lhe recordações extremamente carinhosas.
C
está com saudade de sua cidade natal e pretende viver nela novamente.
D
a cidade em que viveu, um dia, ultrapassa os limites, ao acolher alguém.