Texto I
O canto do galo solou cheio, melodioso, dentro da noite clara. [...] varou a lagoa e foi morrer longe, longe, bem mais de meia légua, lá no Retiro das Goiabas. João Fanhoso ficou esperando a resposta – morava no Retiro um sobrinho, frango novo ainda, mas de voz já madura e cheia – porém tudo continuou quieto, ninguém lhe respondeu. Apenas o resmungo caseiro da mulherada, nos galhos do pé de lima-de-bico.
O galo velho olhou de novo o céu. Mudou de galho, pesadão, ajudado pelo bico e pelas asas. Custou, mas se ajeitou no outro poleiro mais alto, de visão melhor. Lua crescente, lindeza de pedação de lua clareando toda a fazenda do Boi Solto.
Não era a primeira vez que sucedia aquilo – o fiasco daquele engano. Amanhã, seriam os comentários na rodinha do sura antipático, sem rabo ainda, sem voz ainda, pescoço pelado, e já metido a galo. Na do sura e na do garnizé branco – esse, então, um afeminado de marca, com aquela vozinha esganiçada e o passarinho miúdo.
João Fanhoso fechou os olhos, mal-humorado. A sola dos pés doía. Calo miserável!
Mário Palmério. Vila dos Confins. Rio de Janeiro, José Olympio, 1978.
Considere (V) para afirmativa verdadeira e (F) para falsa sobre o texto I.
( ) Em galinha e rodinha os sufixos são empregados com a mesma finalidade.
( ) Em pesadão (2º parágrafo) o sufixo -ão tem o mesmo valor significativo que tem na palavra frangão.
( ) Em “morava no Retiro um sobrinho, [...]de voz já madura e cheia [...]” o aumentativo analítico do substantivo destacado é vozeirão.
( ) O trecho “morava no Retiro um sobrinho, [...]de voz já madura e cheia [...]” ficaria incoerente se o substantivo voz fosse empregado no diminutivo.
( ) O narrador procurou expressar efeito de ternura ao empregar o aumentativo pedação (2º parágrafo).
A sequência correta é: