Questão
2010
CESGRANRIO
Secretaria de Estado da Educação de São Paulo
Professor de Educação Básica II - Português (SEDUC SP)
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Texto 1 

Esta foi a origem do pecado original, e esta é a causa original das doenças do Brasil – tomar o alheio, cobiças, interesses, ganhos e conveniências particulares, por onde a justiça se não guarda e o Estado se perde. Perde-se o Brasil, Senhor (digamolo em uma palavra), porque alguns ministros de Sua Majestade não vêm cá buscar o nosso bem, vêm cá buscar nossos bens. Assim como dissemos que se perdeu o Mundo, porque Adão fez só a metade do que Deus lhe mandou, em sentido averso – guardar sim, trabalhar não, assim, podemos dizer que se perde também o Brasil, porque alguns dos seus ministros não fazem mais que a metade do que El-rei lhes manda. 

VIEIRA, A. Sermão da Visitação de Nossa Senhora. In: Obras Completas do Pe. Antônio Vieira: Sermões, Vol. III, Tomo IX. Porto/Portugal: Lello Irmãos Editores, 1959. Fragmento.

Texto 2 

Mas a principal mercê que os três donatários obtiveram do monarca lhes foi garantida por um alvará assinado no dia 18 de junho de 1535, mediante o qual ficou decidido que todas as minas de prata por eles achadas e descobertas de qualquer modo que seja em quaisquer partes que fiquem, pelas terras adentro de suas capitanias passariam a lhes pertencer para todo o sempre por juro e herdade, podendo ser repassadas a seus filhos, netos e herdeiros legais. 

BUENO, Eduardo. Capitães do Brasil. Rio de Janeiro: Objetiva Ltda, 1999. Fragmento. 

Os textos de Vieira e de Bueno tratam, cada um a seu modo, da / do
A
causa dos problemas brasileiros e da legitimação dos ganhos dos colonizadores lusitanos, expressa por alguns vocábulos em desuso.
B
confisco dos bens materiais dos brasileiros e da ganância política dos colonizadores, expresso pela presença de campos semânticos referentes à colonização.
C
falsidade da justificativa de pretender salvar a alma do gentio e levar a eles a palavra da cristandade, por meio de termos ligados à religião.
D
negligência administrativa dos ministros de El-Rei e da cumplicidade da Coroa, evidenciada por termos do jargão dos colonizadores.
E
prejuízo do mundo civilizado em virtude da sanha colonizadora dos portugueses, como se depreende do uso de termos anacrônicos.