Tempos Modernos – (Só que não)
Carol Castro, Felipe Floresti e Thiago Tan Ji
A PALAVRA "TRABALHO" não tem uma origem muito convidativa: em latim, tripalium era o nome dado a um instrumento utilizado pelos romanos para torturar escravos. Durante séculos, trabalhar era o mesmo que perder a liberdade – as sociedades eram divididas entre os "pensadores" e aqueles que realizavam atividades braçais.
Quando o despertador o acorda em uma segunda-feira de manhã, é bem possível que você concorde com os gregos e romanos sobre o significado original do trabalho. Não deveria ser assim: afinal, é justamente pela capacidade de materializar suas ideias que você é diferente de 99,99% das espécies do planeta. Em outras palavras, foi a capacidade humana de trabalhar e produzir riquezas que permitiu tantos progressos: saímos das cavernas para conquistar o espaço (e, eventualmente, criar memes).
Graças à especialização do trabalho, as atividades econômicas se diversificaram e garantiram inovações para a sociedade. Para a produção aumentar ainda mais, empresas já empregam a robotização em larga escala e utilizam recursos de inteligência artificial em fábricas e escritórios.
O problema é que tanto avanço não foi capaz de superar questões que mais parecem reservadas aos tempos do tripalium: desemprego; remunerações abaixo da linha da dignidade; enfraquecimento do poder de negociação dos trabalhadores; registros de pessoas que vivem em condições análogas à escravidão. "Não estamos condenados à precarização, mas devemos mudar as soluções que estão sendo adotadas", afirma Mareio Pochmann, professor do Instituto de Economia da Unicamp.
Galileu, São Paulo, edição 322, maio de 2018.
Com relação à acentuação gráfica das palavras no texto, é correto afirmar: