Questão
2019
CEC
Universidade Federal de Pernambuco
Analista de Tecnologia da Informação (UFPE)
2019
CEC
Universidade Federal de Pernambuco
Engenheiro de Segurança do Trabalho (UFPE)
2019
CEC
Universidade Federal de Pernambuco
Fisíco (UFPE)
TEXTO-2As-coisas-que2636c1fc0b0
TEXTO 2

As coisas que a gente fala

As coisas que a gente fala saem da boca da gente e vão voando, voando, correndo sempre pra frente. Entrando pelos ouvidos de quem estiver presente. Quando a pessoa presente é pessoa distraída, não presta muita atenção. Então as palavras entram e saem pelo outro lado, sem fazer complicação. 

Mas, às vezes, as palavras vão entrando nas cabeças, vão dando voltas e mais voltas, fazendo reviravoltas e vão dando piruetas. Quando saem pela boca, saem todas enfeitadas. Engraçadas, diferentes, com palavras penduradas. 

Mas, depende das pessoas que repetem as palavras. Algumas enfeitam um pouco. Algumas enfeitam muito. Algumas enfeitam tanto, que as palavras – que engraçado! – nem parecem as palavras que entraram pelo outro lado! 

Por isso, quando falamos, temos de tomar cuidado. Que as coisas que a gente fala vão voando, vão voando, e ficam por todo lado. E até mesmo modificam o que era nosso recado. 

E depois que elas se espalham, por mais que a gente procure, por mais que a gente recolha, sempre fica uma palavra, voando como folha, caindo pelos quintais, pousando pelos telhados, entrando pelas janelas, pendurada nos beirais. 

Sejam palavras bonitas ou sejam palavras feias; sejam mentira ou verdade, ou sejam verdades meias; são sempre muito importantes as coisas que a gente fala. Aliás, também têm força as coisas que a gente cala. Às vezes, importam mais que as coisas que a gente fez. 

ROCHA, Ruth. As coisas que a gente fala. Rio de Janeiro: Rocco, 1981.

O Texto 2, visto globalmente, se desenvolve em torno de uma ideia central, qual seja a ideia de que: 
A
as pessoas distraídas não fazem complicação, mas dão àquilo que dizemos sentidos diferentes. 
B
não temos total domínio sobre a compreensão que tem nosso interlocutor daquilo que expomos.
C
em nossa atividade comunicativa, nosso parceiro de interação apreende fielmente o que expomos.  
D
é sempre muito relevante o que falamos; mesmo quando o que dizemos carece de crédito. 
E
o silêncio tem, socialmente, uma eficácia mais acentuada que as palavras faladas.