Passa a bola, pai
Faço parte de um grupo que há muitos anos joga basquete. Ao longo desse tempo, as coisas mudaram. Os garotos que jogavam conosco cresceram, casaram, tiveram filhos, e agora vários desses jovens entram na cancha junto com os pais. Nenhum deles diz passa a bola, pai como sugere o título acima, e certamente não o fazem por constrangimento. 0 fato, porém, é que os pais passam a bola para os filhos.
Passar a bola para o filho não é o mesmo que passar a bola para um outro parceiro qualquer. É um gesto simbólico. Junto com a bola vão as esperanças paternas, esperanças que começaram a ser nutridas quando o garoto estava no berço: vai lá, meu filho,faz uma cesta, faz uma grande cesta, prova que és um grande jogador, prova que és melhor do que teu pai. A paternidade é isso: um investimento afetivo no futuro, uma confiança enorme na capacidade do filho - como esportista, como profissional, como chefe de família ele mesmo.
Moacyr Scliar. Adaptado - Zero Hora, Revista ZH, 29/11/1998.
Segundo o texto, os garotos que jogavam basquete