Questão
2011
INSTITUTO MACHADO DE ASSIS
Prefeitura Municipal de Campo Maior (PI)
Trabalhador de Obras (Pref Campo Maior/PI)
2011
INSTITUTO MACHADO DE ASSIS
Prefeitura Municipal de Campo Maior (PI)
Leiturista Hidrometrista (Pref Campo Maior/PI)
2011
INSTITUTO MACHADO DE ASSIS
Prefeitura Municipal de Campo Maior (PI)
Auxiliar de Serviços (Pref Campo Maior/PI)
2011
INSTITUTO MACHADO DE ASSIS
Prefeitura Municipal de Campo Maior (PI)
Auxiliar de Escritório (Pref Campo Maior/PI)
2011
INSTITUTO MACHADO DE ASSIS
Prefeitura Municipal de Campo Maior (PI)
Agente de Operação e Manutenção "A" (Pref Campo Maior/PI)
2011
INSTITUTO MACHADO DE ASSIS
Prefeitura Municipal de Campo Maior (PI)
Agente Comunitário de Saúde (Pref Campo Maior/PI)
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PEDRO MALASARTES E A SOPA DE PEDRA

Um dia, Pedro Malasartes vinha pela estrada com fome e chegou a uma casa onde morava uma velha muito pão-dura.
– Sou um pobre viajante faminto e cansado. Venho andando de muito longe, há três anos, três meses, três semanas, três dias, três noites, três horas...
– Pare com isso e diga logo o que quer – interrompeu a mulher.
– É que estou com fome. Será que a senhora podia me ajudar?
– Não tem nada de comer nesta casa – foi logo dizendo a velha.
Ele olhou em volta, viu um curral cheio de vacas, um galinheiro cheio de galinhas, umas gaiolas cheias de coelhos, um chiqueiro cheio de porcos. E mais uma horta muito bem cuidada, um pomar com árvores carregadinhas de frutas, um milharal viçoso, uma roça de mandioca.
– Não, a senhora entendeu mal. Eu não preciso de comida, não. Só queria era uma panela emprestada e um pouco d’água. Se a senhora me deixar usar seu fogão, eu já estou satisfeito. Porque aqui no chão tem muita pedra, e isso me basta. Eu faço uma sopa de pedra maravilhosa e nunca preciso de mais nada, já fico de barriga cheia.
Desse jeito, ela não tinha como negar. Então deixou. Meio de má vontade, mas deixou. Só repetiu:
– Sopa de pedra?
– É... – disse ele, se abaixando para pegar uma pedra no chão. – Com esta pedra aqui eu faço a sopa mais deliciosa do mundo. O importante é lavar bem, esfregar bem esfregadinho e deixar a pedra bem limpa antes de botar na panela.
E Malasartes então tratou de lavar bem a pedra, como disse. Em seguida, encheu a panela com água, pôs a pedra dentro e botou tudo no fogo. Quando a água começou a ferver, ele provou e disse:
– É... Até que não está ruim... Só não vai ficar boa mesmo, de verdade, porque não tem sal.
– Não seja por isso – disse a velha. – Eu tenho e lhe dou uma pitada.
– Ótimo. Com um pouquinho de cebola e alho, fica melhor ainda.
– Não seja por isso – disse ela. – Eu lhe arrumo.
– E um temperinho verde, da horta, será que não tem? Dá um gostinho especial na sopa...
– Vá lá, não é por isso que essa sua sopa vai ficar sem gosto.
Foi pegar tudo o que Pedro Malasartes pediu e voltou depressa para o lado dele. Estava louca para aprender a fazer aquela sopa. Podia ser mesmo uma sorte receber aquele viajante em casa. Se ele lhe ensinasse a se alimentar só com uma sopa feita de pedra e água, com certeza ia economizar muito daí por diante.
Mas não pôde ficar muito tempo na beira do fogão, observando. Porque logo que Pedro jogou os ingredientes na panela e deu uma mexida, ele tornou a provar e fez uma cara de quem estava em dúvida.
– O que foi? – perguntou a mulher.
– Não sei bem. Parece que falta alguma coisa nesse caldo. Talvez um pedacinho de carne ou de linguiça...
– Não seja por isso – respondeu ela. – Se é uma sopa tão maravilhosa e tão econômica assim, não vai ser por um pedacinho de carne que vamos perder essa maravilha.
Foi lá dentro e voltou com um pedaço de carne, outro de paio e uma lingüiça. Malasartes jogou tudo dentro da panela.
Deixou cozinhar mais um pouquinho e então respirou fundo:
– Está começando a ficar cheirosa, não acha?
– É mesmo, concordou a velha, interessada.
– O problema é que vai ficar meio sem graça assim branquela, sem cor. O gosto está bom, mas fica sempre melhor quando a gente tem um pouco de colorido para enfeitar. Um pedaço de abóbora, umas folhas de couve, de repolho, uma cenourinha, uma batatinha... Mas isso não é mesmo muito importante, a senhora não acha? É só aparência...
A mulher, louca para aprender bem a fazer aquela sopa preciosa, foi dizendo:
– Não seja por isso. Vou ali na horta buscar.
Voltou carregada de tudo o que ele pediu e mais um nabo, dois maxixes, uma batata-doce, um chuchu, uma espiga de milho. Até uma banana-da-terra. A essa altura, ela já não se limitava a ficar olhando. Tratava de ajudar mesmo, para andar depressa e também para ela ter certeza de que não estava perdendo nenhuma etapa da preparação daquele prato tão maravilhoso e econômico. Por isso, foi logo lavando todas as verduras para tirar a terra e limpar bem, descascou o que era de descascar, e foi passando para Pedro, que cortava e jogava na panela.
E o fogo, ó, ia esquentando. E a água, ó, ia fervendo. E a sopa, ó, ia borbulhando.
Os dois esperavam, sentindo aquele cheiro ótimo. De vez em quando, Malasartes provava. E suspirava:
– Hum! Está ficando gostosa...
– Está mesmo um cheiro delicioso – concordava a velha.
Daí a pouco, ele provou de novo e concluiu:
– Pronto! Agora está perfeita! Uma delícia. É só tomar.
A velha trouxe dois pratos fundos, e ele serviu. Ela ficou olhando, para ver o que ele fazia com a pedra, mas Pedro deixou a pedra na panela.
– E a pedra? – perguntou.
– A gente joga fora.
– Joga fora?
– É... Ou então lava bem e guarda para fazer outra sopa no dia em que for preciso enganar outro bobo.
Uns dizem que ela ficou tão furiosa que jogou a panela em cima dele, com sopa quente, pedra e tudo.
Outros dizem que ela deu uma gargalhada, viu que tinha merecido, mas tratou de tomar a sopa e guardar a pedra.
Pode escolher o fim. E fica sendo assim.

MACHADO, Ana Maria. Histórias à brasileira: Pedro Malasartes e outras.

Qual a intenção do personagem Pedro Malasartes ao usar os adjetivos pobre, faminto e cansado para se descrever?
A
Criar um vínculo de identificação com a dona da casa
B
Dar receitas de comidas para a dona da casa apenas
C
Tornar-se simpático, alegre e agradável aos olhos da dona da casa
D
Apelar para a sensibilidade da dona da casa