Orientação: Deverá formular a redação com extensão máxima de 25 (vinte e cinco) linhas.
TEXTO I:
O bicho
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
(Manuel Bandeira – Rio, 27 de dezembro de 1947)
TEXTO II:
Apetite sem esperança
Mãe eu tô morrendo de fome
eu dizia eu gritava eu mugia
minha vó zangada respondia
você não está morrendo e nem tem fome
Você tem é apetite
Você sabe que vai comer, aonde comer, o quê vai comer.
Fome não! A fome, minha neta,
a fome, meu irmão,
a fome, minha criança,
é um apetite sem esperança.
(Elisa Lucinda. In.: O Semelhante. Escrito especialmente para a Campanha Ação da Cidadania Contra a Miséria e Pela Vida/Betinho/93. Encenado pela Cia. Teatral do Movimento sob a direção de Ana Kfouri – fragmento)
TEXTO III:
O futuro da comida
Somos 6,7 bilhões de habitantes que comemos os vegetais de um quarto das terras do planeta e a carne de um terço do mundo. Em 2050 poderemos chegar a 15 bilhões de pessoas (seremos no mínimo 10 bilhões). Mas a quantidade de terras é finita. Então, onde espalhar as pessoas e as fazendas para a produção de comida? Como alimentar uma superpopulação sem destruir o mundo?
O cenário atual já é arrasador. A utilização da água dobrou desde os anos 60, e 70% do seu uso se destina à agricultura. No ritmo atual de pesca, dentro de 40 anos todas as espécies comerciais de peixe vão desaparecer. O aquecimento global e a devastação dos ecossistemas já mostraram que é insustentável toda essa produção e consumo de alimentos. A comida causa desequilíbrio ao planeta.
Precisamos rever nossa relação com os alimentos. O ser humano come de três maneiras diferentes. A primeira é a que se preocupa apenas com a condição de ser vivo — vem dos alimentos o sustento e o prazer. Por isso a produção cara e delicada do caviar, do vinho (que pede esforço e demora anos até ficar pronto) ou do foie gras. Comer é essencial e é um prazer.
A segunda maneira é alimentar-se procurando o que faz bem ao organismo. Cardápios equilibrados, alimentos saudáveis, compostos e vitaminas. Isso é comer funcionalmente, cuidando para que o que chegue ao corpo seja bom.
Durante muito tempo escolhemos entre essas duas formas. Mas, agora, existe uma novidade que pode nos salvar: é tornar a ação de comer algo cidadão. É comer tentando, de alguma forma, aliviar a pressão humana sobre o planeta, agindo, individualmente, em favor da sociedade.
Praticamente isso quer dizer comer alimentos locais, que não gastam tanto combustível e recursos naturais e geram riquezas ao redor da região de produção. É saber de onde vem sua comida, como ela é criada. Um dos grandes problemas alimentares de hoje é que os homens estão desconectados da natureza e, por consequência, da comida. A reeducação é necessária. Nos moldes em que estamos hoje, o resultado será catastrófico.
(Alex Atala – Revista Galileu abril/2010 – fragmento)
Com base na leitura dos textos motivadores, redija um texto dissertativo-argumentativo sobre o seguinte tema:
“Combate à fome: uma questão atemporal de sobrevivência”