Questão
2024
FUNDEP
Prefeitura Municipal de Carlos Chagas (MG)
Professor de Educação Básica II - História (Pref Carlos Chagas/MG)
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Nessa época não era incomum assistir a procissões, participar de rituais, cerimônias emocionais nos teatros da corte ou de manifestações pelo fim da escravidão, que perdia em eficácia e aceitação. Por mais que o governo tentasse recorrer a táticas “reformistas” — como a promulgação da Lei dos Sexagenários —, o resultado começava a ser o oposto. E os ataques vinham de todo lado, isso sem falar das rebeliões escravas que estouravam nos quatro cantos do país. “Medo” era uma palavra e um sentimento que se socializava [...]. Os senhores, prevendo o fim do regime, e tendo boa parte de seu capital imobilizado em escravos, passavam a exigir uma jornada ainda mais carregada de trabalho. As consequências foram fugas constantes, ataques e assassinatos de fazendeiros e feitores, protestos de forros e populares; movimento paralelo, diga-se de passagem, ao aumento do recurso aos castigos e sevícias [...]. Para conter o pânico, a política atuou ao lado dos senhores, prendendo escravos considerados indisciplinados, descaracterizando denúncias de maus-tratos e reprimindo atos de abolicionistas. Mas a indisciplina tornava-se coletiva, e os crimes cada vez mais violentos, rompendo-se assim um dos tabus de uma sociedade escravista: o monopólio do castigo corporal e da violência por parte dos brancos.

SCHWARCZ, Lilia Moritz; STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. p. 420-421.

No contexto apresentado no texto, diversas forças e eventos moldaram a transição para um regime de trabalho livre no Brasil. Ao trabalhar com esses dados em sala de aula, e considerando os estudos mais atualizados sobre essa transição, o professor de História pode
A
desenvolver uma abordagem do tema que foque na luta e na resistência dos escravizados, problematizando a visão tradicional de que os africanos e afrodescendentes eram vítimas passivas.
B
debater sobre as leis abolicionistas adotadas pelo Governo Imperial e a consequente reação da sociedade contra essas medidas, que foram responsáveis pela longevidade da Monarquia no país.
C
promover discussões críticas sobre a forma violenta que os escravizados adotaram na luta abolicionista, o que favoreceu a morosidade no processo que levou ao fim do regime escravocrata no Brasil.
D
destacar o protagonismo feminino da princesa Isabel, que, contrariando os interesses da elite escravocrata reacionária, apoiou as variadas ações de resistência dos escravizados, que resultaram na assinatura da famosa Lei Áurea.