Questão
2013
DIRECTA
Prefeitura Municipal da Estância Turística de Paranapanema (SP)
Professor de Educação Básica II Língua Portuguesa (Pref Paranapanema/SP)
VER HISTÓRICO DE RESPOSTAS
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(...) Não é muito desejável estudar a literatura independentemente da totalidade cultural de uma época, mas é ainda mais perigoso encerrar a literatura apenas na época em que foi criada, no que se poderia chamar sua contemporaneidade. Temos tendência em explicar um escritor e sua obra a partir da sua contemporaneidade e de seu passado imediato (em geral nos limites da época tal como a entendemos). Receamos aventurar-nos no tempo, afastarmos do fenômeno estudado. Ora, uma obra deita raízes no passado remoto. As grandes obras da literatura levam séculos para nascer, e, no momento em que aparecem, colhemos apenas o fruto maduro, oriundo do processo de uma lenta e complexa gestação. Contentar-se em compreender e explicar uma obra a partir das condições de sua época, a partir das condições que lhe proporcionou o período contíguo é condenar-se a jamais penetrar as suas profundezas de sentido. Encerrar uma obra na sua época também não permite compreender a vida futura que lhe é prometida nos séculos vindouros, e esta vida fica parecendo um paradoxo.  
 
BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2003.p.364. 

Pode-se entender como conclusão do trecho acima: 
A
“A ciência literária deve, acima de tudo, estreitar seu vínculo com a história da cultura. A literatura é uma parte inalienável da cultura, sendo impossível compreendê-la fora do contexto global da cultura numa dada época.” 
B
“Os fenômenos do sentido podem existir de uma forma latente, potencial, e revelar- se somente num contexto de sentido que lhes favoreça a descoberta, na cultura das épocas posteriores.” 
C
“As obras rompem as fronteiras de seu tempo, vivem nos séculos, ou seja, na grande temporalidade, e, assim, não é raro que essa vida (o que sempre sucede com uma grande obra) seja mais intensa e mais plena do que nos tempos de sua contemporaneidade.” 
D
“O que acabamos de dizer não autoriza a deduzir que se possa, de algum modo, ignorar a época contemporânea do escritor, que se possa devolver sua obra ao passado ou então projetá-la ao futuro. A contemporaneidade conserva toda a sua importância, em muitos aspectos decisiva.”