Questão
2012
Consulplan
Prefeitura Municipal de Barra Velha (SC)
Coordenador NASF (Pref Barra Velha/SC)
2012
Consulplan
Prefeitura Municipal de Barra Velha (SC)
Técnico em Higiene Dental da Família (Pref Barra Velha/SC)
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Memórias de um aprendiz de escritor

Escrevo há muito tempo. Costumo dizer que, se ainda não aprendi – e acho que não aprendi, a gente nunca para de aprender – não foi por falta de prática. Porque comecei muito cedo. Na verdade, todas as minhas recordações estão ligadas a isso, a ouvir e contar histórias. Não só as histórias dos personagens que me encantam, o Saci-Pererê, o Negrinho do Pastoreio, a Cuca, Hércules, Teseu, os Argonautas, Mickey Mouse, Tarzan, os Macabeus, os piratas, Tom Sawyer, Sacco e Vanzetti. Mas também as minhas próprias histórias, as histórias de meus personagens, estas criaturas reais ou imaginárias com quem convivi desde a infância.

Na verdade, eu escrevi acima. Verdade é uma palavra muito relativa para um escritor de ficção. O que é verdade, o que é imaginação? No colégio onde fiz o segundo grau, o Júlio de Castilhos, havia um rapaz que tinha fama de mentiroso. Fama, não; ele era mentiroso. Todo mundo sabia que ele era mentiroso. Todo mundo, menos ele.

Uma vez, o rádio deu uma notícia alarmante: um avião em dificuldade sobrevoava Porto Alegre. Podia cair a qualquer momento. Fomos para o colégio, naquele dia, preocupados; e conversávamos sobre o assunto, quando apareceu ele, o mentiroso. Pálido: 

– Vocês não podem imaginar!

Uma pausa dramática, e logo em seguida: 

– Sabem este avião que estava em perigo? Caiu perto da minha casa. Escapamos por pouco. Gente, que coisa horrível! 

E começou a descrever o avião incendiando, o piloto gritando por socorro... Uma cena impressionante. Aí veio um colega correndo, com a notícia: o avião acabara de aterrizar, são e salvo. Todo mundo começou a rir. Todo mundo, menos o mentiroso:

– Não pode ser! – Repetia, incrédulo, irritado. – Eu vi o avião cair!

Agora, quando lembro este fato, concluo que não estava mentindo. Ele vira, realmente, o avião cair. Com os olhos da imaginação, decerto; mas para ele o avião tinha caído, e tinha incendiado, e tudo mais. E ele acreditava no que dizia, porque era um ficcionista. Tudo que precisava, naquele momento, era um lápis e papel. Se tivesse escrito o que dizia, seria um escritor; como não escrevera, tratava-se de um mentiroso. Uma questão de nomes, de palavras.                                                                                                    

(Scliar, Moacyr. Memórias de um aprendiz de escritor)

Relacione os vocábulos destacados com suas respectivas classes gramaticais nos trechos.

1. “convivi desde a infância”

2. “quando apareceu o mentiroso”

3. “uma cena impressionante”

4. “agora, quando me lembro”

5. “olhos da imaginação”

(  ) conjunção

(  ) substantivo
 
(  ) preposição

(  ) adjetivo

(  ) advérbio

A sequência está correta em
A
2, 3, 1, 5, 4
B
3, 5, 4, 1, 2
C
1, 3, 5, 2, 4
D
4, 2, 3, 5, 1
E
2, 5, 1, 3, 4