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A escola perfeita
A Escola de Pais, fundada em Sambaíba, no Maranhão, não deu os resultados com que se sonhava. O estabelecimento tinha pouca frequência, e os pais iam beber no botequim próximo. A direção da escola achou conveniente experimentar novos métodos, e colocou a responsabilidade do ensino nas mãos dos filhos dos alunos.
A princípio o aproveitamento foi extraordinário, pois os adolescentes que passaram a controlar a casa exerceram disciplina severa, exigindo dos pais o máximo de aplicação, pontualidade e aproveitamento. Depois, a disciplina foi abrandando, e havia meninos que convidavam seus pais e os pais dos outros meninos a trocar a aula por futebol, no que eram atendidos.
Ao fim do semestre, a Escola de Pais tornara-se a Escola de Pais e Filhos, sem programa definido, despertando imitação em outros pontos do Estado e até no Piauí.
Era uma escola festiva, em que os macacos, as borboletas, os seixos da estrada não só faziam parte do material escolar como davam palpites sobre a matéria, por esse ou aquele modo peculiar a cada um deles. O entusiasmo foi tamanho que os pais e filhos chegaram à conclusão de que melhor fora transformar o estabelecimento, já então sem sede fixa nem necessidade de tê-la, numa escola natural de coisas, em que tudo fosse objeto de curiosidade, sem currículo, e surgiu a escola da natureza, sem mestres, sem alunos, sem decreto, sem diplomas, onde todos aprendem de todos, na maior alegria e falta de cerimônia, até que o INCRA ou outro organismo civilizador qualquer se lembre de dividir as terras de Sambaíba em fatias burocráticas. Será a escola perfeita?
ANDRADE, Carlos Drummond de. Histórias para o rei. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006. p. 22-23. (texto adaptado)
Embora pertença ao universo ficcional, sendo a narrativa de um fato imaginário, o texto apresenta uma discussão que: