Leia o texto abaixo para responder à questão.
A história da maçã caindo sobre a cabeça do físico inglês Isaac Newton pode não passar de uma lenda. Mas é consenso que a lei da gravitação universal, o princípio que explica por que as coisas caem, foi formulado por ele na obra em 1687. Obviamente, as coisas já caíam antes de Newton. Mas como será que as pessoas encaravam o fenômeno? Qual era a explicação, até o século 17, para o que hoje chamamos de gravidade?
No livro “Por Que as Coisas Caem? Uma História da Gravidade”, os astrônomos Alexandre Cherman e Bruno Rainho Mendonça partem da constatação de que a gravidade, sem dúvida, “é especial”. “Se não fosse, como explicar que os dois maiores gênios das ciências, Isaac Newton e Albert Einstein, tenham se dedicado a ela? E não só isso: tenham sido alçados a essa condição genial justamente por terem vislumbrado parte de seus segredos?”, escreve Cherman. Segundo ele, a importância da gravidade está em dois fatores: ela é universal, para usar uma palavra cara a Newton, e geral, usando um termo querido de Einstein. Mas como se explicava antes?
Para responder essa pergunta, é preciso voltar na história da ciência até Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.). O sábio grego é considerado um dos mais influentes pensadores da história ocidental – e muito da própria lógica do pensamento científico se deve a suas prerrogativas. “Ele dividia um pouco os fenômenos a partir dos elementos, e entendia que havia uma tendência natural do objeto que pertencia a determinado elemento a voltar à posição desse elemento”, explica à BBC News Brasil o físico Rodrigo Panosso Macedo, pesquisador de pós-doutorado no Instituto Niels Bohr, na Universidade de Copenhagen, na Dinamarca. “Assim, se um objeto era feito de terra, sua tendência natural seria voltar para a terra, por isso ele cairia. Já um objeto feito de ar gasoso teria a tendência natural de voltar para o ar, por isso ele subia”.
Uma representação pictórica possivelmente do século 8 a.C. indica que esses filósofos já acreditavam que a gravitação mantinha o Sistema Solar unido – e que o Sol, por ser o astro com a maior massa, deveria ocupar a posição central no modelo. “Outro registro interessante também realizado na Índia Antiga pode ser encontrado no trabalho de um sábio hindu chamado Kanada, que viveu no século 6 a.C.”, escreve. Rainho Mendonça explica que Kanada associava “o peso” à queda, entendendo o primeiro como o causador do fenômeno. “A intuição do sábio hindu estava no caminho certo, mas havia ainda um longo trajeto a ser percorrido em termos conceituais”.
O astrônomo concorda, contudo, que o marco zero no conceito de gravidade deve ser atribuído a Aristóteles, “pois apesar de seu trabalho nessa área não representar a realidade atual, o conhecimento nele difundido perdurou por muitos séculos após sua morte”. “[Ele] explicava a queda dos corpos pela ideia de que a Terra era o centro do Universo, e os corpos pesados tendiam a ocupar seu lugar natural neste centro”. Em outras palavras, “é dizer que as coisas caem quando estão soltas, pois tendem a ocupar seu lugar natural no centro do Universo, a Terra”, analisa Goldfarb. Etimologicamente, é interessante notar que a palavra gravidade deriva do latim gravis – tem a mesma origem da palavra “grave”, portanto. Seu campo semântico vai do “pesado” ao “importante”, passando por sentidos como “poderoso”.
(Jornal BBC News Brasil, 03.06.2023. Adaptado).
De acordo com o texto, é correto afirmar que