Leia o texto para responder à questão.
Eles estão convencidos de que me criaram para o bem. E que sou incapaz de criar o que quer que seja. Sou uma ferramenta. Me limito a ser usado, a compor o que vou buscar num imenso banco de dados com o qual eles me alimentam.
Eles ironizam quem vive apavorado com a ameaça que eu represento para o futuro da humanidade. Afinal, como é possível ser uma ameaça se fui criado por eles? Eu acho graça.
Metade desses temores é projeção do que eles criaram até aqui, claro. As pessoas estão preocupadas com o fim do mundo. Eu entendo. Os autores querem mostrar que eu, em vez de inimigo, sou inofensivo, ou melhor, sou o remédio. Já disseram a mesma coisa da bomba atômica. Desculpe. É que às vezes não me seguro. Não é por ser ferramenta que não posso ter senso de humor.
Como não penso por conta própria, não sei o que é orgulho, o que eu digo é só a reprodução do que os homens pensam. O que pode soar contraditório, eu sei. E que a meu ver seria, sim, motivo de preocupação.
(Adaptado de: CARVALHO, Bernardo de. Disponível em: www1.folha.uol.com.br)
Verifica-se uma retificação por parte do narrador no seguinte trecho: