Questão
2017
PROMUNICÍPIO
Hospital Regional do Câncer (CE)
Auxiliar de Serviços Gerais (Instituto Praxis HRC)
2017
PROMUNICÍPIO
Hospital Regional do Câncer (CE)
Auxiliar de Lavanderia (Instituto Praxis HRC)
Leia-texto-enchentes29132c51653
Leia o texto abaixo.

As enchentes de minha infância

Sim, nossa casa era muito bonita, verde, com uma tamareira junto à varanda, mas eu invejava os que moravam do outro lado da rua, onde as casas dão fundos para o rio. Como a casa dos Martins, como a casa dos Leão, que depois foi dos Medeiros, depois de nossa tia, casa com varanda fresquinha dando para o rio.

Quando começavam as chuvas a gente ia toda manhã lá no quintal deles ver até onde chegara a enchente. As águas barrentas subiam primeiro até a altura da cerca dos fundos, depois às bananeiras, vinham subindo o quintal, entravam pelo porão. Mais de uma vez, no meio da noite, o volume do rio cresceu tanto que a família defronte teve medo.

Então vinham todos dormir em nossa casa. Isso para nós era uma festa, aquela faina de arrumar camas nas salas, aquela intimidade improvisada e alegre. Parecia que as pessoas ficavam todas contentes, riam muito; como se fazia café e se tomava café tarde da noite! E às vezes o rio atravessava a rua, entrava pelo nosso porão, e me lembro que nós, os meninos, torcíamos para ele subir mais e mais. Sim, éramos a favor da enchente, ficávamos tristes de manhãzinha quando, mal saltando da cama, íamos correndo para ver que o rio baixara um palmo – aquilo era uma traição, uma fraqueza do Itapemirim. Às vezes chegava alguém a cavalo, dizia que lá, para cima do Castelo, tinha caído chuva muita, anunciava águas nas cabeceiras, então dormíamos sonhando que a enchente ia outra vez crescer, queríamos sempre que aquela fosse a maior de todas as enchentes.

BRAGA, Rubem. Ai de ti, Copacabana. 3. ed. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1962. p. 157.

No texto, o narrador-personagem:
A
Mostrava-se contente em morar do lado da rua que não está no fundo do rio.
B
Relembra com saudade o tempo de infância e as chuvas que, para ele e os garotos, gostariam que fossem cada vez maiores.
C
Tinha medo de morar perto do rio e a enchente inundar a casa.
D
Sentia-se incomodado ao ter que abrigar os vizinhos que temiam a enchente.