Leia o texto abaixo, de Mário Quintana:
De como não ler um poema
Há tempos me perguntaram umas menininhas, numa dessas pesquisas, quantos diminutivos eu empregara no meu livro A Rua dos Cataventos. Espantadíssimo, disse-lhes que não sabia. Nem tentaria saber, porque poderiam escapar-me alguns na contagem. Que estas estatísticas, aliás, só poderiam ser feitas eficientemente com o auxílio de robôs. Não sei se as menininhas sabiam ao certo o que era um robô. Mas a professora delas, que mandara fazer as perguntas, devia ser um deles.
E mal sabia eu, então, que estava dando um testemunho sobre o estruturalismo – o qual só depois vim a conhecer pelos seus produtos em jornais e revistas. Mas continuo achando que um poema (um verdadeiro poema, quero dizer), sendo algo dramaticamente emocional, não deveria ser entregue à consideração de robôs, que, como todos sabem, são inumanos.
Um robô, quando muito, poderá fazer uma meticulosa autópsia – caso fosse possível autopsiar uma coisa tão viva como é a poesia.
Em todo caso, os estruturalistas não deixam de ter o seu quê de humano...
Nas suas pacientes, afanosas, exaustivas furungações, são exatamente como certas crianças que acabam estripando um boneco para ver onde está a musiquinha.
A partir da leitura do texto, considere as seguintes afirmativas:
I - A crônica tem como referencial as salas de aula e, mais especificamente, as aulas de Língua Portuguesa.
II - O poeta e a professora estavam de acordo sobre a importância dos diminutivos no texto literário.
III - A ironia presente na crônica tem como propósito a comparação entre a criança que estirpa seu boneco e o professor estruturalista.
IV - A sequência substantivo e verbo em autópsia/autopsiar é uma estratégia usada pelo escritor para a obtenção de um efeito sensorial.
Está CORRETO o que se afirma em: