Leia o poema “Congresso internacional do medo”, de Carlos Drummond de Andrade, para responder à questão.
Congresso internacional do medo
1 Provisoriamente não cantaremos o amor,
2 que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
3 Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
4 não cantaremos o ódio, porque este não existe,
5 existe apenas o medo, nosso pai e nosso
6 companheiro,
7 o medo grande dos sertões, dos mares, dos
8 desertos,
9 o medo dos soldados, o medo das mães, o
10 medo das igrejas,
11 cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos
12 democratas,
13 cantaremos o medo da morte e o medo de
14 depois da morte.
15 Depois morreremos de medo
16 e sobre nossos túmulos nascerão flores
17 amarelas e medrosas.
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Obra Completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 2002.)
Analise as afirmações sobre o poema e assinale a alternativa CORRETA.
I. O título do poema sugere que o “medo” está em todas as partes e em todos os lugares. Essa dimensão se acentua no emprego dos termos que podem ser entendidos ora como adjuntos adnominais, ora como complementos nominais, causando uma ambiguidade de sentido que expande o sentido do substantivo “medo”. De fato, ao se referir ao “medo dos soldados” (linha 9), podemos entender como: o medo que os soldados têm (adjunto adnominal), ou como: o medo que os soldados causam (complemento nominal).
II. Quando o poeta refere-se a “Igrejas” (linha 10), “Sertões” (linha 7), “Mares” (linha 7) e “Desertos” (linha 8), verificamos a figura de linguagem metonímia, ou seja, as palavras destacadas podem simbolizar o lugar ou as pessoas que estão no lugar.
III. Na expressão “depois morreremos de medo” (linha 15), o termo “de medo” é classificado como adjunto adverbial de causa.
É CORRETO o que se afi rma em