INFÂNCIA
(Carlos Drummond de Andrade)
Meu pai montava a cavalo, ia para o campo.
Minha mãe ficava sentada cosendo.
Meu irmão pequeno dormia.
Eu sozinho menino entre mangueiras
lia a história de Robinson Crusoé.
Comprida história que não acaba mais.
No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu
a ninar nos longes da senzala – e nunca se esqueceu
chamava para o café.
Café preto que nem a preta velha
café gostoso
café bom.
Minha mãe ficava sentada cosendo
olhando para mim:
– Psiu... Não acorde o menino.
Para o berço onde pousou um mosquito.
E dava um suspiro... que fundo!
Lá longe meu pai campeava
no mato sem fim da fazenda.
E eu não sabia que minha história
era mais bonita que a de Robinson Crusoé.
(ANDRADE, C. D. Infância. In: MORAES, L. M.Conheça o escritor brasileiro Carlos Drummond de Andrade. Rio de Janeiro: Record, 1977. p. 18-19)
Considere as seguintes afirmações.
I. Uma vez que o texto aborda o sentimento da infância, os versos da poesia são simples como o pensamento de uma criança e falam de pequenos fatos do dia a dia vividos por um menino em uma fazenda.
II. Os versos do poema exprimem a saudade e o carinho que o poeta sente da infância.
III. Uma interpretação possível para justificar a saudade que o poeta sente da mãe pode ser o fato de o verso “Minha mãe ficava sentada cosendo” aparecer duas vezes no poema.
Agora assinale a alternativa correta.