O GALO QUE LOGROU A RAPOSA
(Monteiro Lobato)
Um velho galo matreiro, percebendo a aproximação da raposa, empoleirou-se numa árvore. A raposa, desapontada, murmurou consigo: "Deixe estar, seu malandro, que já te curo!..." E em voz alta:
– Amigo, venho contar uma grande novidade: acabou-se a guerra entre os animais. Lobo e cordeiro, gavião e pinto, onça e veado, raposa e galinhas, todos os bichos andam agora aos beijos, como namorados. Desça desse poleiro e venha receber o meu abraço de paz e amor.
– Muito bem! – exclama o galo. – Não imagina como tal notícia me alegra! Que beleza vai ficar o mundo, limpo de guerras, crueldade e traições! Vou já descer para abraçar a amiga raposa, mas... como lá vem vindo três cachorros, acho bom esperá-los, para que também eles tomem parte na confraternização.
Ao ouvir falar em cachorro Dona Raposa não quis saber de histórias e tratou de pôr-se ao fresco, dizendo:
– Infelizmente, amigo, tenho pressa e não posso esperar pelos amigos cães. Fica para a outra vez a festa, sim? Até logo.
E raspou-se.
Contra esperteza, esperteza e meia.
(LOBATO, Monteiro. Fábulas. 19. Ed. São Paulo: Brasiliense, s. d. p. 47.)
Considere as seguintes afirmações.
I. A leitura do trecho “tratou de pôr-se ao fresco” pode ser interpretada como “tratou de ir embora”.
II. No enunciado “– Amigo, venho contar uma grande novidade”, o termo sublinhado é o sujeito da oração.
III. Em “para que também eles tomem parte da confraternização”, o pronome “eles” faz referência ao substantivo cachorros.
Agora assinale a alternativa correta.