Questão
2010
SELECTA PLUS
Prefeitura Municipal de Formosa (GO)
Professor I - Língua Portuguesa (Pref Formosa/GO)
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Este fragmento faz parte do canto V do famosíssimo poema “Navio Negreiro” de Castro Alves.

“Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei‐me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus...
Ó mar! Por que não apagas
Co’a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?
Astros! Noite! Tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei dos mares, tufão!...

Quem são estes desgraçados
Que não encontram em vós
Mais que o rir calmo da turba
Que excita a fúria do algoz?
Quem são? Se a estrela se cala,
Se a vaga à pressa resvala
Como um cúmplice fugaz,
Perante a noite confusa...
Dize‐o tu, severa Musa,
Musa libérrima, audaz!...
São os filhos do deserto,
Onde a terra esposa a luz.
Onde vive em campo aberto
A tribo dos homens nus...

São os guerreiros ousados
Que com os tigres mosqueados
Combatem na solidão.
Ontem simples, fortes, bravos.
Hoje míseros escravos,
Sem luz, sem ar, sem razão...”

Assinale a opção incorreta, de acordo com o texto 
A
O destaque na poesia para a massa escrava oprimida, revelando os dramas por que se passavam os negros, representa a tentativa de adequação nacional ao espírito da poesia social que, na Europa já tinha expoentes como Victor Hugo.
B
A estrutura do “Navio negreiro” lembra os moldes da epopeia, dada a organização em cantos e o tom narrativo da apresentação dos fatos.
C
O vocativo do verso 1 é retomado em toda a estrofe, por meio de outros vocativos, no mesmo tom de protesto grandiloquente, em que se encontram as forças grandiosas da natureza, como o mar, os astros, a noite, a tempestade e, num desespero crescente do poeta, o tufão.
D
Este borrão, objeto do verbo apagar, constitui uma metáfora de algo vergonhoso, que recupera o horror do verso 4, remetendo à escravidão negra no Brasil.
E
O tom exaltado e declamatório, presente nos versos a partir da quantidade de exclamações, representa uma inovação nos poemas de temática abolicionistas do poeta, que costumam tratar o tema de maneira moderada respeitando o equilíbrio da poesia romântica.