Escassez de água - Paulo Ferraz Nogueira
Até poucas décadas atrás, os livros clássicos usados nos cursos de Economia, em todo mundo, davam como exemplos de "bem não-econômico", isto é, aquele que é tão abundante e inesgotável que não tinham, portanto, valor econômico, a água, o oxigênio, o sal de cozinha etc.
Claro que existe muita água no planeta, mas cerca de 97,5% dessa água é salgada e está nos oceanos; 2,5% é doce, sendo que deles, 2% estão nas geleiras e apenas 0,5% está disponível nos corpos d'água da superfície, isto é, rios e lagos, sendo que a maior parte, ou seja, 95%, está no subsolo, que é, portanto a grande "caixa d'água" de água doce da natureza.
Mas se compararmos como essa água doce se distribui no globo e como a respectiva população está distribuída, vamos verificar que ela está "mal distribuída": há partes da Terra realmente com falta crônica desse precioso líquido. O Brasil está muito bem neste aspecto, pois tem cerca de 12% de toda água doce existente na Terra, mas diríamos que, sob o ponto de vista de utilização humana, a mesma está "mal distribuída".
Não concordamos que falte água para consumo humano em nosso País, seja nas cidades, no campo, ou mesmo no nosso semi-árido Nordestino. Apenas ela precisa ser tratada como bem econômico que é essencial à vida, à saúde, à economia, na indústria, na agricultura e em todos os setores da sociedade.
A bem da verdade, nota-se uma arregimentação geral na imprensa, nos governos, na sociedade civil, para o tema escassez de água. Tarifas baixas ou mesmo pífias impedem as companhias de abastecimento de se capitalizarem, para expandir a rede, combater os vazamentos crônicos existentes nas redes hidráulicas (manutenção), e ainda por cima, incentivam o desperdício que permanece quase sempre generalizado nos lares, nas indústrias, na agricultura. Impedem também a construção de ETEs, Estações de Tratamento de Esgoto, essenciais para a saúde e a economia, pois o esgoto de hoje é a água potável de amanhã.
Nesse contexto, torna-se imprescindível o uso racional da água. O destino da água em casa no Brasil, cerca de 200 litros diários, é: 27% consumo (cozinhar, beber água), 25% higiene (banho, escovar os dentes), 12% lavagem de roupa; 3% outros (lavagem de carro) e finalmente 33% descarga de banheiro, o que mostra que, tanto nas cidades como nas indústrias, se existirem duas redes de água, reusando "água cinzenta" (que são as águas resultantes de lavagens e banho) para descarga de latrinas, pode-se economizar 1/3 de toda água. (...)
Disponível em http://www.uniagua.org.br/website. Acesso em 04 de junho de 2008. (Texto adaptado)
Em “sendo que a maior parte, ou seja, 95%, está no subsolo”, o termo destacado introduz um(a)