Questão
2021
ALTERNATIVE CONCURSOS
Prefeitura Municipal de Esperança do Sul (RS)
Professor de Artes (Pref Esperança do Sul/RS)
2021
ALTERNATIVE CONCURSOS
Prefeitura Municipal de Esperança do Sul (RS)
Professor de Ciências (Pref Esperança do Sul/RS)
2021
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Prefeitura Municipal de Esperança do Sul (RS)
Professor de Educação Física (Pref Esperança do Sul/RS)
2021
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2021
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Professor de História (Pref Esperança do Sul/RS)
2021
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Prefeitura Municipal de Esperança do Sul (RS)
Professor de Inglês (Pref Esperança do Sul/RS)
2021
ALTERNATIVE CONCURSOS
Prefeitura Municipal de Esperança do Sul (RS)
Professor de Língua Portuguesa (Pref Esperança do Sul/RS)
2021
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Prefeitura Municipal de Esperança do Sul (RS)
Professor de Matemática (Pref Esperança do Sul/RS)
2021
ALTERNATIVE CONCURSOS
Prefeitura Municipal de Esperança do Sul (RS)
Professor de Pedagogia (Pref Esperança do Sul/RS)
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EMERGÊNCIA

É fácil identificar o passageiro de primeira viagem. É o que já entra no avião desconfiado. O cumprimento da aeromoça, na porta do avião, já é um desafio para a sua compreensão.

– Bom dia...

– Como assim?

Ele faz questão de sentar num banco de corredor, perto da porta. Para ser o primeiro a sair no caso de alguma coisa dar errado. Tem dificuldade com o cinto de segurança. Não consegue atá-lo. Confidencia para o passageiro ao
seu lado:

– Não encontro o buraquinho. Não tem buraquinho?

Acaba esquecendo a fivela e dando um nó no cinto.

Comenta, com um falso riso descontraído:

“Até aqui, tudo bem”. O passageiro ao lado explica que o avião ainda está parado, mas ele não ouve. A aeromoça vem lhe oferecer um jornal, mas ele recusa.

– Obrigado. Não bebo.

Quando o avião começa a correr pela pista antes de levantar voo, ele é aquele com os olhos arregalados e a expressão de Santa Mãe do Céu! No rosto. Com o avião no ar, dá uma espiada pela janela e se arrepende. É a última espiada que dará pela janela.

Mas o pior está por vir. De repente ele ouve uma misteriosa voz descarnada. Olha para todos os lados para descobrir de onde sai a voz. 

“Senhores passageiros, sua atenção, por favor. A seguir, nosso pessoal de bordo fará uma demonstração de rotina do sistema de segurança deste aparelho. Há saídas de emergência na frente, nos dois lados e atrás.”

– Emergência? Que emergência? Quando eu comprei a passagem ninguém falou nada em emergência. Olha, o meu é sem emergência. 

Uma das aeromoças, de pé ao seu lado, tenta acalmá-lo.

– Isto é apenas rotina, cavalheiro.

– Odeio a rotina. Aposto que você diz isso para todos. Ai meu santo. 

“No caso de despressurização da cabina, máscaras de oxigênio cairão automaticamente de seus compartimentos.”

– Que história é essa? Que despressurização? Que cabina?

“Puxe a máscara em sua direção. Isso acionará o suprimento de oxigênio. Coloque a máscara sobre o rosto e respire normalmente.”

– Respirar normalmente?! A cabina despressurizada, máscaras de oxigênio caindo sobre nossas cabeças – e ele quer que a gente respire normalmente?! “Em caso de pouso forçado na água...” 

– O quê?!

“... os assentos de suas cadeiras são flutuantes e podem ser levados para fora do aparelho e...”
 
Essa não! Bancos flutuantes, não! Tudo, menos bancos flutuantes!

– Calma, cavalheiro.

– Eu desisto! Parem este troço que eu vou descer. Onde é a cordinha? Parem!

– Cavalheiro, por favor. Fique calmo. 

– Eu estou calmo. Calmíssimo. Você é que está nervosa e, não sei por quê, está tentando arrancar as minhas mãos do pescoço deste cavalheiro ao meu lado. Que, aliás, também parece consternado e levemente azul.

– Calma! Isso. Pronto. Fique tranquilo. Não vai acontecer nada. 

– Certo. Ninguém mais vai falar em banco flutuante.

Ele se vira para o passageiro ao lado, que tenta desesperadamente recuperar a respiração, e pede desculpas. Perdeu a cabeça.
 
– É que banco flutuante foi demais. Imagine só. Todo mundo flutuando sentado. Fazendo sala no meio do Oceano Atlântico! 

A aeromoça diz que lhe vai trazer um calmante e aí mesmo é que ele dá um pulo:

– Calmante, por quê? O que é que está acontecendo? Vocês estão me escondendo alguma coisa!

Finalmente, a muito custo, conseguem acalmá-lo. Ele fica rígido na cadeira. Recusa tudo que lhe é oferecido. Não quer o almoço. Pergunta se pode receber a sua comida em dinheiro. Deixa cair a cabeça para trás e tenta dormir. Mas, a cada sacudida do avião, abre os olhos e fica cuidando da portinha do compartimento sobre sua cabeça, de onde, a qualquer momento, pode pular uma máscara de oxigênio e matá-lo do coração.

De repente, outra voz. Desta vez é a do comandante.
 
– Senhores passageiros, aqui fala o comandante Araújo. Neste momento, à nossa direita, podemos ver a cidade de...

Ele pula outra vez da cadeira e grita para a cabina do piloto:

– Olha para a frente, Araújo! Olha para a frente! 

VERÍSSIMO, Luis Fernando. Mais comédias para ler na escola. São Paulo: Objetiva, 2009.

Com base no texto lido responda a questão.
 
Sobre a crônica:

I. É narrada por um narrador observador.

II. É possível perceber ao final do texto que o passageiro se mostra sólito ao voo.

III. A intencionalidade discursiva do autor da crônica é relatar, de forma cômica, a ignávia que acomete alguns passageiros.

IV. A intenção discursiva do escritor é de relatar o descontrole de alguns passageiros durante um suposto primeiro voo, o que provoca exasperação dentro do avião. 
A
Somente I e III estão corretas. 
B
Somente I, II e III estão corretas. 
C
Somente II e IV estão corretas. 
D
Somente II e III estão corretas. 
E
Somente I, II e IV estão corretas.