Desafios do Século 21
Com a internet, os smartphones e os aplicativos, estamos cada vez menos exigindo raciocínio de nosso cérebro. De acordo com Walter Longo, na WTW 2019, “Hoje, buscamos na internet informações que satisfaçam nossa curiosidade diversiva (aquela curiosidade mais fútil e sem profundidade) e a curiosidade empática (a curiosidade de saber da vida alheia) e estamos deixando muito pouco espaço para a curiosidade epistêmica (a curiosidade mais analítica, profunda, que incita questionamentos e raciocínio mais profundo)”.
Nós temos um conhecimento embarcado. A memória, a capacidade de fazer cálculos, inferências e predições, de perceber o tempo e a hora, de conectarmos informações provenientes de diferentes origens e gerarmos novas ideias e insights. E estamos mandando esse conhecimento embarcado para fora.
O Google tem as respostas, então não precisamos mais decorar os nomes dos rios, ou dos estados e todas as capitais brasileiras, por exemplo. O Waze nos mostra o caminho. A calculadora faz cálculos. O smartphone nos avisa dos compromissos importantes e nos lembra dos telefones de nossos amigos — e em muitas outras situações nos deparamos com este tipo de atitude.
Estamos delegando a dispositivos fora de nosso cérebro funções que eram prioritariamente mentais e, com isso, estamos tornando nosso cérebro preguiçoso. Estamos literalmente emburrecendo e perdendo nosso poder de criatividade.
Um neurocientista francês chamado Michel Desmurget, diretor de pesquisa do Instituto Nacional de Saúde da França, apresentou em 2020 um estudo que demonstra de forma enfática como os dispositivos digitais estão afetando seriamente o desenvolvimento neural de crianças e jovens.
Estamos criando uma sociedade com mais inteligência em rede, mas com menos inteligência individual. E considerando o avanço dos algoritmos de Inteligência Artificial (IA), muito em breve confiaremos a esses algoritmos a tomada de decisões. E então a IA vai decidir onde trabalharemos, o que faremos, com quem nos casaremos, o que vamos comer, etc.
(Fonte: Comunicação Produtiva — adaptado.)