Dalton Trevisan
Tic, tic, tic, lá vem o ceguinho, óculo preto e bengala branca
Alguém bate bola na calçada – tac, tac, tac -, como ele sabe que é menina? Tic, tic, segue em frente.
Na esquina, quem batuca na caixinha de fósforo - tec, tec, tec? O vento lhe sopra que é um malandro? Tic, tic,tic, nada o distrai.
Quem arrasta a sandália de couro - chap, chap,chap ?
Você lhe disse que é uma pobre velhinha? Tic, tic, sempre adiante.
Agora o salto alto retinindo na pedra - toc, toc, toc.
Uma voz lhe conta que é mocinha e bonita? Tic, tic, ti... a bengala no ar titubeia e para. Lá vai o saltinho faceiro, toc,
toc, toc. Ele faz meia-volta.
Tic, tic, tic, tic. Depressinha.
Toc.
Tic, tic. tic.
Toc.
Tic, tic.
Toc, tic. Toc, tic. Toc, tic.
TREVISAN, Daltron. 99 corruiras nanincas. Porto Alegre:L&PM, 2002.p.73.
Das afirmações seguintes:
I. O clímax do conto encontra-se no 3º parágrafo.
II. No conto, há um “narrador intruso”, isto é, um narrador que não toma parte dos acontecimentos, mas se intromete e expressa suas opiniões na narrativa.
III. A repetição das frases no final dos 2º, 3º e 4º parágrafos produz efeito de continuidade