Colagem artística ganha força na pandemia; conheça história da técnica e experiências contemporâneas
Escrito por Roberta Souza
É bem provável que você já tenha customizado a capa de um caderno com recortes de revistas, tecidos e jornais, por exemplo. Ou, quem sabe, até transformou isso em um quadro ou cartão-presente? A técnica em questão, também conhecida como colagem no meio artístico, é bem antiga, mas vem ganhando atualizações e novos adeptos, especialmente nesse contexto de pandemia.
“A colagem está presente na brincadeira das crianças, e na história da humanidade em várias situações. Porém, na História da Arte, ela surge no contexto das vanguardas estéticas do início do século XX, frequentemente associada, como advento técnico, aos experimentos cubistas de Pablo Picasso e Georges Braque”, explica a professora de História da Arte nos Grupos de Estudos da galeria Multiarte, Ana Valeska Maia Magalhães.
Ana também chama atenção para as aquarelas de Auguste Rodin (1900), cronologicamente anteriores aos experimentos cubistas. Segundo ela, encaixes de figuras recortadas, para compor novas aquarelas, feitas por Rodin, propiciaram aberturas, solturas do que até então, em termos artísticos, estava atrelado às linguagens da pintura, da escultura, do desenho ou da gravura.
“A substituição do pincel e o lápis pela tesoura e a cola passou a ser uma possibilidade cada vez mais utilizada pelos artistas, como nas já citadas colagens cubistas (chamadas também de Papier collé, quando faz uso somente de papéis), nos papéis colados (guaches recortados) de Henri Matisse, bem como na irreverência dadaísta de Hans Arp, com a sua famosa ‘colagem montada segundo as leis do acaso’, de 1917, que também é o mesmo ano da famosa obra de Marcel Duchamp, ‘Fonte’”, lembra.
A desconstrução de regras rígidas de composição, completa Ana, abriu território de pesquisa para o novo, o estranho, o desestabilizante. E é exatamente isso que vem chamando a atenção de artistas contemporâneos como Ma Njanu, Célio Celestino e Manuela Eicher. [...]
Ma Njanu, Manuela Eichner e Célio Celestino defendem a multiplicidade da técnica e reconhecem a colagem como uma prática democrática, inclusive do ponto de vista da superfície em que ela pode ser realizada. “Tem quem não tenha condições de comprar cola e papel hoje, mas tem o celular, do mesmo modo o processo criador dela é legítimo.
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A tecnologia de ponta, como observa a professora de História da Arte Ana Valeska, caminha com a utilização de técnicas mais tradicionais, com a precariedade de imagens antigas, garimpadas em sebos e locais de venda de antiguidades, com suas rasuras, fissuras, com o indefinido. “Nesse sentido, o que interessa é a força da narrativa que é despertada pela atualização que o artista promove em seus trabalhos”, destaca.
Ainda segundo Ana, passamos atualmente por um processo de ruptura, assim como passaram os vanguardistas do século XX, precursores da colagem.
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Fonte: https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/verso/colagem-artistica-ganhaforca-na-pandemia-conheca-historia-da-tecnica-e-experienciascontemporaneas-1.3059381 Consultado em: 13/03/2021
Os usos da colagem demonstram que esse procedimento estético (...) adquiriu grande importância na contemporaneidade. Desde as vanguardas no início do século XX, passando pelo cinema e pela televisão, a colagem tornou-se uma das marcas das linguagens digitais nos últimos 20 anos, o que justifica a reflexão em torno de suas raízes e características, de seus desdobramentos atuais e das possibilidades criativas que encerra
Herom Vargas e Luciano de Souza
Revista Comunicação Midiática, v.6, n.3, p.51-70, set./dez. 2011
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