Questão
2010
MettaC&C
Prefeitura Municipal de Zabelê (PB)
Professor de Português (Pref Zabelê/PB)
VER HISTÓRICO DE RESPOSTAS
Carta-Marcos-Bagno573cb9ebf25
Carta de Marcos Bagno a Revista Veja

TEXTO I

Em seu número 1725 (novembro de 2001), a revista Veja publicou uma extensa reportagem, anunciada na capa, com o título “Falar e escrever bem, eis a questão”. O texto, assinado por João Gabriel de Lima, deixou a comunidade dos educadores e linguistas estarrecida por causa da quantidade de absurdos, distorções e acusações grosseiras que continha. Em reação a isso, Marcos Bagno escreveu e enviou uma longa carta ao editor da revista, não para ser publicada, mas para marcar a posição dos pesquisadores comprometidos com o avanço da ciência brasileira diante de atitudes tão assumidamente obscurantistas e retrógradas.

São Paulo, 4 de novembro de 2001. Sr. Editor,

Em 1990, o linguista e educador britânico Michael Stubbs escrevia que “toda a área da língua na educação está impregnada de superstições, mitos e estereótipos, muitos dos quais têm persistido por séculos e, às vezes, com distorções deliberadas dos fatos linguísticos e pedagógicos por parte da mídia”. É triste constatar que essa s palavras, publicadas há mais de uma década, se aplicam com precisão impressionante ao que ainda ocorre hoje em dia no Brasil. Afinal, de que outro modo qualificar a reportagem de capa do número 1725 de VEJA senão como uma série de “distorções deliberadas dos fatos linguísticos e pedagógicos por parte da mídia”?

O texto assinado pelo Sr. João Gabriel de Lima demonstra o quanto nosso s meios de comunicação de massa se encontram, perdoe-me o lugar-comum, na contramão da História quando o assunto é língua. Há um absoluto despreparo de jornalistas e comunicadores para tratar do tema (um exemplo gritante disso veio a público em outra edição recente de VEJA, a de número 1710, com a reportagem “Todo mundo fala assim”).

Se falo de contramão é porque — passados mais de cem anos de surgimento, crescimento e afirmação da Linguística moderna como ciência autônoma —, a mídia continua a dar as costas a investigação científica da linguagem, preferindo consagrar-se a divulgação e sustentação das“superstições, mitos e estereótipos” que circulam na sociedade ocidental há mais de dois mil anos. Isso é ainda mais surpreendente quando se verifica que, na abordagem de outros campos científicos, os meios de comunicação se mostram muito mais
cuidadosos e atenciosos para com os especialistas da área. Quando o assunto é língua, porém, o espaço maior é invariavelmente ocupado por alguns oportunistas que, apoderando-se inteligentemente dessas “superstições, mitos e estereótipos”, conseguem transformar esse folclore linguístico em bens de consumo que lhes rendem muito lucro financeiro, além de fama e destaque na mídia. Basta comparar o espaço dedicado, no último número de VEJA, ao Prof. Luiz Antônio Marcuschi (reconhecido hoje no Brasil como um dos
nomes mais importantes da ciência linguística entre nós) e aos atuais pregadores da tradição gramatical que infestam o cotidiano dos brasileiros com suas quinquilharias multimidiáticas sobre o que é “certo” e “errado” na língua.

BAGNO, M ar cos – Pr ec onc eito linguí stic o - pagina 167.

A palavra crase, nada mais é do que a fusão de sons idênticos. Dessa forma, quando se une a preposição (a) com o artigo (a) temos a fusão que culmina no acento grave ( ` ). Analise as frases abaixo retiradas do texto e marque a alternativa correta.

I. Carta de Marcos Bagno a Revista Veja.

II. A mídia continua a dar as costas a investigação.

III. Preferindo consagrar-se a divulgação e sustentação.

Ocorre crase na frase I, nos três últimos ( as ) da frase II e ocorre crase na frase III;
A
Ocorre crase na frase I, nos três últimos ( as ) da frase II e ocorre crase na frase III;
B
Não ocorre crase na frase I, ocorre nos três ( as ) da frase II e ocorre na frase III;
C
Ocorre crase na frase I, nos segundos e terceiros ( as) da frase II e na frase III;
D
Não ocorre crase na frase I, ocorre no terceiro ( a ) da frase II e não ocorre na terceira frase;
E
Ocorre crase na frase I, no quarto ( a ) da frase II e no ( a ) da frase III.