Questão
2023
VUNESP
Prefeitura Municipal de Campinas (SP)
Professor Adjunto II - História Anos Finais do Ensino Fundamental (Pref Campinas/SP)
Canca-1-Kizomba-Festa22065c07e87
Canção 1: Kizomba, Festa da Raça

Compositores: Rodolpho/Jonas/Luís Carlos da Vila

Samba-enredo da Escola de Samba Unidos da Vila Isabel (1988)

Valeu, Zumbi!
O grito forte dos Palmares
Que correu terra, céus e mares
Influenciando a abolição
Zumbi valeu
Hoje a Vila é Kizomba
É batuque, canto e dança
Jongo e Maracatu
Vem menininha pra dançar o Caxambu (BIS)
Ôô Ôô, nega mina
Anastácia não se deixou escravizar
Ôô Ôô, Clementina
O pagode é o partido popular
O sacerdote ergue a taça
convocando toda a massa
nesse evento que congraça
gente de todas as raças
Numa mesma emoção
[...]
nossa sede é nossa sede
de que o apartheid se destrua
Nossa sede é nossa sede
Valeu!

Canção 2: Liberdade!, Liberdade! Abra as Asas sobre Nós

Compositores: Niltinho Tristeza, Preto Jóia, Jurandir e Vicentinho

Samba-enredo da Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense (1989)

Liberdade, Liberdade
abra as asas sobre nós
E que a voz da igualdade seja sempre a nossa voz
Vem, vem reviver comigo amor
o centenário em poesia
nesta pátria mãe querida
O império decadente
muito rico e incoerente
era fidalguia.
[...]
E da guerra ...
Da guerra nunca mais
esqueceremos do patrono – o Duque imortal.
A imigração floriu
de cultura o Brasil
A música encanta
e o povo canta assim
E a Princesa ...
Pra Isabel, a heroína,
que assinou a lei divina (Graças a Deus!)
negro dançou, comemorou
o fim da sina.
Na noite quinze e reluzente
Com a bravura finalmente
O Marechal que proclamou
foi Presidente.
[...]

(Apud Selma G. Fonseca, Didática e prática de ensino de História, p. 207-210.)

O trabalho de análise, em sala de aula, desses sambas--enredo permite corretamente concluir que o primeiro samba-enredo
A
reconhece que a luta dos escravizados dependeu das alianças intermitentes com parcelas da população livre; para o segundo-samba enredo, o principal evento da segunda metade do século XIX foi a proclamação da República e não a Abolição.
B
entende que as tradições africanas pouco contribuíram para a luta contra a escravidão; para o segundo samba-enredo, a Abolição teve ligação direta com os efeitos nocivos provocados pela Guerra do Paraguai e pelo movimento republicano.
C
avalia as condições históricas que permitiram o fim da exploração do trabalho cativo, destacando o papel do movimento abolicionista; já o segundo samba-enredo, apresenta a libertação dos escravizados como um evento menor entre os ocorridos no século XIX.
D
considera, a partir de uma leitura mais crítica, que a Abolição decorreu da luta secular dos negros pela liberdade; enquanto o outro samba-enredo, tributário da História Oficial, entende que a libertação dos escravizados foi um presente dado pela Princesa Isabel.
E
trata a luta pelo fim do escravismo como decorrência direta da ação das forças políticas progressistas, caso dos liberais-radicais; já o outro samba-enredo pondera sobre a importância das lutas populares para as transformações no Segundo Reinado.