Após o ardor da reconquista não
caíram manás sobre os nossos campos
E na dura travessia do deserto
aprendemos que a terra prometida era aqui
Ainda aqui e sempre aqui.
Duas ilhas indómitas a desbravar.
O padrão a ser erguido
pela nudez insepulta dos nossos punhos.
Emergiremos do canto
como do chão emerge o milho jovem
e nus, inteiros recuperaremos
a transparência do tempo inicial
Puros reabitaremos o poema e a claridade
para que a palavra amanheça e o sonho não se perca.
LIMA, Conceição. Após o ardor da reconquista... In: DÁSKALOS, Maria Alexandre; APA, Lívia; BARBEITOS, Arlindo (Org.). Poesia africana de língua portuguesa (antologia). Rio de Janeiro: Lacerda, 2003.
O Texto, um poema da escritora são-tomense Conceição Lima, faz referência a um momento de independência, de conquista de liberdade que, mesmo depois de concretizada, não resolve todos os problemas do país. Apesar disso, ela constrói também uma mensagem positiva de um futuro diferente. Que referência figurativa é utilizada para simbolizar esse futuro?