ADOÇÃO FEDERAL
Cristovam Buarque
Quando um banco entra em crise, o Banco Central intervém para evitar a falência; quando a segurança de uma cidade entra em crise, o governo federal aciona a Guarda Nacional; quando a saúde fica catastrófica, importam-se médicos; quando uma estrada é destruída por chuva, o governo federal auxilia o estado; mas quando um município não tem condições de oferecer boa escola a suas crianças, o governo federal fecha os olhos, porque isso não é responsabilidade da União. Limita-se a distribuir, por meio do Fundeb, R$10,3 bilhões por ano, equivalente a R$205 por criança ou R$2 a cada dia letivo.
A boa educação de uma criança, assumindo um bom salário para atrair os melhores alunos das universidades para o magistério, em boas e bem equipadas novas escolas, todas em horário integral, custaria R$9.500 por ano, por aluno. Das 5.564 cidades brasileiras, a receita orçamentária total não chega a R$9.500 por criança em idade escolar. Se considerarmos os gastos fixos e custeios da administração municipal, nenhuma das nossas cidades teria condições de oferecer educação de qualidade a suas crianças.
Para mudar tal panorama, o país tem dois caminhos: deixar que o futuro das nossas criança dependa de alta renda de sua família ou responsabilizar a União pela educação dos filhos do Brasil.
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